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ANÁLISE
Propostas do Brasil caem no vazio
DA ENVIADA A BARILOCHE
Mais do que um encontro político, parecia uma terapia em
grupo. E o Brasil errou na previsão de que a Unasul marcaria
uma "distensão" dos países da
região, especialmente entre a
Colômbia e o trio Venezuela-Equador-Bolívia. Ao contrário,
a tensão segue, e não há acordo
à vista quanto à polêmica questão das tropas americanas em
bases colombianas.
Em sete horas de discursos,
Hugo Chávez (Venezuela) falou como militar, lendo um documento americano. Álvaro
Uribe (Colômbia) foi o técnico
aplicado respondendo uma a
uma as críticas. Rafael Correa
(Equador) agiu como professor
universitário, com "power
point" e tudo.
Cristina Kirchner (a anfitriã
argentina) atuou como advogada. Evo Morales (Bolívia) defendeu os direitos indígenas.
Luiz Inácio Lula da Silva reagiu
como sindicalista, irritado com
a falta de objetividade e de resultados. De quebra, reclamou
da reunião aberta à imprensa,
com a possibilidade de a opinião pública receber relatos detalhados do teatro.
A chance de haver consenso
sobre as bases é praticamente
nula, o que projeta o seguinte
cenário: a Unasul vai pular de
reunião em reunião até que o
assunto canse e saia da pauta.
Nem mesmo as tais "garantias jurídicas" que o ministro
Nelson Jobim (Defesa) previu
que Uribe apresentaria foram
dadas. O Brasil falou disso com
a Colômbia e com os EUA, mas
nada acontece.
Também não andou a proposta de uma reunião dos 12
presidentes com Barack Obama, dos EUA. Raramente as
propostas brasileiras caem tão
evidentemente no vazio.
A expressão de Lula era de
poucos amigos, e ele nem sequer conseguiu fazer o que geralmente faz nessas horas:
brincadeiras e uma piada ou
outra. Quem ocupou esse lugar,
desta vez, foi Alan García (Peru), aliado de Uribe. E foi uma
brincadeira malvada.
Chávez disse que a ânsia intervencionista americana agora está centrada no petróleo e
provocou Lula: "Ainda bem que
você tem bastante petróleo",
disse o venezuelano, com o tom
de "bem-vindo ao time".
Na sua vez, García dirigiu-se
a Chávez, irônico: "Homem,
para que os EUA precisam dominar o petróleo se você vende
todo o petróleo que eles precisam?" Resultou na única gargalhada da reunião.
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