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Acordo com os EUA é inócuo, dizem analistas
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
A política antidrogas de
dupla face dos EUA -que
internamente atua em prevenção da demanda, mas
externamente foca no militarismo e na repressão-
é criticada por analistas
por não conseguir coibir a
violência no México.
Desde 2008, os EUA
mantêm um acordo com o
vizinho, a iniciativa Mérida, que contribui com milhares de dólares anuais
para armamento, treinamento militar e policial e
combate aos cartéis. No
ato, foi prometido US$ 1,4
bilhão. Para 2011, o governo de Barack Obama deve
alocar US$ 330 milhões.
A estratégia não foi fundamentalmente alterada
por Obama, apesar do novo discurso de "responsabilidade compartilhada".
Os críticos veem a continuidade de uma dicotomia ultrapassada entre
país consumidor (os EUA)
e países produtores (como
Colômbia, Bolívia, México
e outros), que são alvo de
ações repressivas.
Neste ano, para mostrar
empenho, Washington enviou um time de ponta para avaliar a situação no
México. O caráter militar
da missão deixa poucas
dúvidas sobre o enfoque
de Washington, que inclusive privilegia os militares
em relação à polícia civil.
O governo Obama também elogia a atuação dura
do presidente mexicano,
Felipe Calderón. Desde
que ele assumiu, em 2006,
mais de 28 mil pessoas já
morreram em atos ligados
à guerra contra as drogas.
MUDANÇAS À VISTA
Mas ele disse recentemente que sua luta contra
os cartéis pode ser revista e
que pode até debater a legalização das drogas. Nos
EUA, Obama segue se
opondo à liberalização.
Além disso, a estratégia
americana até agora não
conseguiu coibir nem o
fluxo de drogas do México
para os EUA nem o fluxo
de dinheiro e de armas na
direção contrária.
Cartéis mexicanos e
seus fornecedores colombianos geram, lavam e removem dos EUA estimados US$ 18 bilhões a US$
39 bilhões por ano.
"Você tem de ir atrás do
dinheiro se quer atrapalhar os cartéis", afirma
Jerry Robinette, agente encarregado da alfândega
em San Antonio (Texas).
Mas, para Douglas Farah, consultor do Centro
Internacional Woodrow
Wilson, "muito pouco é
feito para impedir a movimentação de dinheiro de
drogas para a economia".
O fluxo de armas é mais
difícil de quantificar, mas
está na casa dos milhares.
A dimensão do problema
fica clara sempre que armamento pesado dos cartéis é exposto. A venda do
material é proibida no México, mas é legal nos EUA.
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