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AMÉRICA LATINA
Em crime sem precedentes no país, estudante de 15 anos pega a arma do pai e abre fogo em colégio público
Adolescente mata 3 em escola argentina
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Um adolescente de 15 anos atirou ontem contra seus companheiros de classe matando três e
ferindo outros cinco na Argentina. Os assassinatos ocorreram na
escola pública Ilhas Malvinas, em
Carmen de Patagones, cidade a
957 km da capital, Buenos Aires.
O crime, sem precedentes na
Argentina, ocorreu em um momento de intensa discussão no
país sobre o aumento da violência
e em que o Congresso debate a redução da imputabilidade penal
para 14 anos. O presidente Néstor
Kirchner decretou luto oficial de
dois dias.
O adolescente R.S.J. usou uma
pistola calibre 9 milímetros, para
abrir fogo contra os companheiros dentro da sala de aula às 7h30,
logo após a cerimônia de hasteamento da bandeira, que havia
ocorrido no pátio da escola.
Todos os alunos já estavam sentados em suas cadeiras quando
R.S.J. entrou por último, sacou a
arma e começou a disparar contra
as paredes. Os alunos começaram
a gritar e a se esconder debaixo
das carteiras, segundo testemunhas. Foi quando R.S.J. dirigiu os
disparos contra os alunos indiscriminadamente.
Sandra Nuñes, Evangelina Miranda e Federico Ponce, todos de
15 anos, morreram na hora, e outros cinco adolescentes estão internados em estado grave nas unidades de terapia intensiva do
Hospital de Carmen de Patagones
e de Videma, cidade próxima,
com ferimentos no tórax e no abdômen. Um deles, que levou dois
tiros nos pulmões, respirava com
ajuda de aparelhos.
Arma falha
Depois do tumulto e da correria
que os disparos provocaram na
sala de aula, R.S.J. saiu pelo corredor e continuou atirando. A tragédia da escola Ilhas Malvinas poderia ter sido pior se a arma não
tivesse falhado. Além da pistola
carregada com 13 balas, R.S.J.
possuía mais dois cartuchos com
capacidade para nove balas cada
um. Depois de descarregar a arma, R.S.J. chegou a recarregá-la,
mas, ao colocar o segundo cartucho, a pistola travou. Ele também
portava uma faca.
Nesse momento, outro aluno,
cuja identidade não foi divulgada,
desarmou o agressor. A arma usada para efetuar os disparos pertence a um policial naval do município, de 44 anos, pai do estudante agressor. De acordo com a
polícia, o menino pegou a arma
sem autorização do pai.
Até a tarde de ontem, o estudante estava sendo mantido na delegacia de Carmen de Patagones,
mas deveria ser encaminhado ao
Juizado de Menores central, que
fica no município de Bahia Blanca, na Província de Buenos Aires.
De acordo com a prefeitura de
Carmen de Patagones, Ilhas Malvinas é uma escola freqüentada
por 400 alunos de classe média
baixa. A escola, localizada no centro da cidade, é conhecida como
uma das mais tradicionais.
A polícia chegou ao local minutos depois e deteve R.S.J. no pátio,
quando ele tentava escapar. Segundo o chefe de polícia do município, Daniel Fernandes, o estudante não resistiu à prisão. "Ele
parecia estar em estado de choque. Não disse uma palavra."
De acordo o canal de televisão
TN, desde 1996 houve 37 casos registrados no mundo de massacres
com armas de fogo executados
por jovens em escolas, que resultaram em 96 mortes. Das 37 tragédias, 28 aconteceram nos EUA.
O mais famosos foi o massacre
da escola Columbine, em Littleton (Colorado), em 1999, quando
dois estudantes mataram 13 alunos, feriram centenas e se suicidaram. A tragédia inspirou "Tiros
em Columbine", com o qual o diretor Michel Moore ganhou o Oscar de melhor documentário em
2003, e o filme "Elefante", de Gus
Van Sant, Palma de Ouro em
Cannes no ano passado.
Na Argentina, os casos de agressões de alunos contra companheiros ou professores, principalmente em escolas públicas das periferias das grandes cidades, têm aumentado. Na segunda-feira, uma
menina de nove anos feriu com
uma faca um garoto de oito anos
em uma escola no bairro de Palermo, em Buenos Aires.
Em junho, uma menina de 12
anos foi internada em La Plata depois de ter sido surrada por suas
colegas e em novembro do ano
passado, um menino de 17 anos
foi internado depois de ter recebido uma punhalada de um companheiro de classe em Córdoba.
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