São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Paquistão já seqüestrou "centenas", afirma Anistia

Entidade acusa país, aliado dos EUA na "guerra ao terror", de prender e interrogar sem acusações, em colaboração com americanos

DA REUTERS

O Paquistão já seqüestrou centenas de pessoas como parte da "guerra ao terror" liderada pelos EUA, de acordo com relatório a ser divulgado hoje pela Anistia Internacional.
É freqüente que os capturados sejam mantidos presos por meses para interrogatório. Muitos são entregues aos EUA e levados para a base militar de Guantánamo, em Cuba, ou a centros secretos de detenção, diz o texto sobre "desaparecimentos forçados na guerra contra o terror".
Segundo a Anistia, é comum ainda que agentes americanos paguem em torno de US$ 5.000 para que colegas paquistaneses declarem alguém terrorista, o capturem e o mantenham preso sem um processo legal.
"Desaparecimentos forçados eram quase desconhecidos no Paquistão até o início da guerra contra o terror. Agora, são um fenômeno crescente, que se espalha entre os suspeitos de terrorismo", disse a pesquisadora da entidade Angelika Pathak.
A Anistia afirma que, pela natureza clandestina da "guerra ao terror", é impossível saber o número exato de pessoas seqüestradas, torturadas ou mortas ilegalmente por forças paquistanesas, mas que "chega a centenas". Um parâmetro para a entidade é a declaração de um general paquistanês em junho, estimando em 500 os terroristas mortos e em mil os detidos desde 2001, quando os EUA atacaram o Afeganistão em reação ao 11 de Setembro e passaram a ter o Paquistão como aliado na luta contra o terror.
Um caso relatado pela Anistia é o das irmãs Arifa e Saba Baloch e da sogra da primeira, Gul Hamdana, presas em junho de 2005. O governo paquistanês nega que as tenha detido. Hamdana foi solta em outro local três meses depois, enquanto as irmãs foram liberadas em janeiro deste ano. Não houve acusações formais contra elas.
A entidade diz que há relatos de que forças americanas também se envolvem em detenções no Paquistão, acompanham torturas e até participam delas.
Após passagem pelos EUA, o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, se reuniu ontem no Reino Unido com o premiê Tony Blair. No encontro, Blair disse que o relatório de um agente de inteligência britânico divulgado anteontem pela BBC, acusando o serviço secreto paquistanês de apoiar indiretamente o Taleban, não reflete a posição de seu governo.


Com agências internacionais

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