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Paquistão já seqüestrou "centenas", afirma Anistia
Entidade acusa país, aliado dos EUA na "guerra ao terror", de prender e interrogar sem acusações, em colaboração com americanos
DA REUTERS
O Paquistão já seqüestrou
centenas de pessoas como parte da "guerra ao terror" liderada pelos EUA, de acordo com
relatório a ser divulgado hoje
pela Anistia Internacional.
É freqüente que os capturados sejam mantidos presos por
meses para interrogatório.
Muitos são entregues aos EUA
e levados para a base militar de
Guantánamo, em Cuba, ou a
centros secretos de detenção,
diz o texto sobre "desaparecimentos forçados na guerra
contra o terror".
Segundo a Anistia, é comum
ainda que agentes americanos
paguem em torno de US$ 5.000
para que colegas paquistaneses
declarem alguém terrorista, o
capturem e o mantenham preso sem um processo legal.
"Desaparecimentos forçados
eram quase desconhecidos no
Paquistão até o início da guerra
contra o terror. Agora, são um
fenômeno crescente, que se espalha entre os suspeitos de terrorismo", disse a pesquisadora
da entidade Angelika Pathak.
A Anistia afirma que, pela natureza clandestina da "guerra
ao terror", é impossível saber o
número exato de pessoas seqüestradas, torturadas ou mortas ilegalmente por forças paquistanesas, mas que "chega a
centenas". Um parâmetro para
a entidade é a declaração de um
general paquistanês em junho,
estimando em 500 os terroristas mortos e em mil os detidos
desde 2001, quando os EUA
atacaram o Afeganistão em reação ao 11 de Setembro e passaram a ter o Paquistão como
aliado na luta contra o terror.
Um caso relatado pela Anistia é o das irmãs Arifa e Saba
Baloch e da sogra da primeira,
Gul Hamdana, presas em junho
de 2005. O governo paquistanês nega que as tenha detido.
Hamdana foi solta em outro local três meses depois, enquanto
as irmãs foram liberadas em janeiro deste ano. Não houve
acusações formais contra elas.
A entidade diz que há relatos
de que forças americanas também se envolvem em detenções
no Paquistão, acompanham
torturas e até participam delas.
Após passagem pelos EUA, o
ditador do Paquistão, Pervez
Musharraf, se reuniu ontem no
Reino Unido com o premiê
Tony Blair. No encontro, Blair
disse que o relatório de um
agente de inteligência britânico
divulgado anteontem pela
BBC, acusando o serviço secreto paquistanês de apoiar indiretamente o Taleban, não reflete a posição de seu governo.
Com agências internacionais
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