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SUCESSÃO NOS EUA / RELAÇÕES PERIGOSAS
McCain manteve vínculo estreito com cassinos, diz jornal
Segundo "New York Times", candidato republicano tem mais de 40 assessores e arrecadadores de campanha ligados à indústria do jogo
Membro da Comissão para Assuntos Indígenas, senador recebeu doações de tribos interessadas em manter cassinos em suas terras
JO BECKER e DON VAN NATTA
DO "NEW YORK TIMES
John McCain atirava fichas
de US$ 100 numa mesa de jogo
de dados no cassino Foxwoods
Resort, em Connecticut. Ao fim
da longa sessão, às 2h30, o senador e seus companheiros saíram com milhares de dólares.
McCain aposta em jogos de
azar a vida toda e sempre assumiu riscos. Naquela noite ele
estava jogando dados após ver
fracassar sua tentativa de ser
indicado candidato presidencial. Sua derrota se deveu à base
evangélica do Partido Republicano, que combate o jogo.
McCain estava apostando
num cassino que ele próprio
supervisionava, como membro
da Comissão do Senado para
Assuntos Indígenas, e, segundo
três de seus associados, o estava fazendo na companhia do lobista que representa o cassino.
Essa noite de sorte é simbólica pelo relacionamento estreito que McCain forjou com a indústria do jogo e seus lobistas.
Tendo sido duas vezes presidente da Comissão de Assuntos
Indígenas, o senador já fez mais
que qualquer outro para moldar as leis que regem os cassinos dos EUA, ajudando a transformar o negócio do jogo indígena numa indústria que movimenta US$ 26 bilhões por ano.
Ao longo dos anos, várias facções da indústria do jogo se beneficiaram em cultivar uma relação com McCain ou contratar
alguém que o tenha. É o que revela um estudo baseado em
mais de 70 entrevistas e milhares de páginas de documentos.
Laço com o jogo
McCain se retrata como político independente e não influenciado por interesses especiais. Em sua campanha atual,
porém, mais de 40 de seus principais assessores e arrecadadores já fizeram lobby ou trabalharam por interesses do jogo.
O candidato se negou a dar
entrevista. Em respostas escritas, sua campanha disse que o
senador tem "orgulho justificável" de seu histórico na regulamentação do jogo indígena.
Ao longo de sua carreira
McCain já enfrentou interesses
especiais. E talvez nenhum outro episódio tenha beneficiado
sua imagem de reformador
mais do que a investigação pelo
Congresso, sob sua égide, de
Jack Abramoff, o lobista do jogo indígena que virou símbolo
nacional da cultura do pagar
para jogar em Washington e cuja prisão levou à maior reforma
sobre lobbies desde Watergate.
Mas entrevistas e registros
mostram que lobistas e assessores políticos do círculo próximo de McCain ajudaram, nos
bastidores, a levar os delitos de
Abramoff à atenção do senador
-e então se beneficiaram com
a investigação. O estrategista-chefe de McCain, por exemplo,
recebeu US$ 100 mil ao longo
de quatro meses por seu trabalho de consultor de uma tribo
envolvida na investigação.
Após o escândalo, McCain
parou de aceitar doações de tribos para suas campanhas. Algumas tribos se sentiram ofendidas, sobretudo porque
McCain continuava a aceitar
dinheiro dos lobistas das tribos.
O ressentimento entre os indígenas aumentou quando
McCain, que preparava outra
tentativa de conseguir a indicação presidencial, identificou o
crescimento do setor do jogo
tribal como uma de três questões que estariam "fora de controle" -as outras duas eram os
gastos do governo federal e a
imigração ilegal.
McCain então começou a
analisar a fundo se as leis existentes eram suficientes para
fiscalizar o setor crescente. Sua
campanha disse que o crescimento do setor tinha imposto
"estresse considerável" aos reguladores, e McCain promoveu
audiências para discutir se o
governo federal precisava aumentar seu poder fiscalizador.
Tradução de CLARA ALLAIN
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