São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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Oposição vence nos principais Estados

Chavistas se mostram preocupados com as perdas em regiões urbanas

Sistema venezuelano privilegia o voto nos distritos controlados por aliados do governo; oposicionistas reclamam

DE CARACAS

A oposição ao presidente Hugo Chávez impôs derrotas ao governo nos dois Estados mais populosos do país, Miranda e Zulia.
Os candidatos reunidos na coalizão oposicionista (MUD) também receberam mais votos que o chavismo em outros quatro Estados.
Numa vitória simbólica, os oposicionistas conseguiram 0,1% a mais de votos que o chavista PSUV no Distrito Capital, onde fica o Palácio Miraflores, sede do Executivo.
Como esperado, a oposição ganhou nos distritos formados pelos outros quatro municípios de Caracas, incluindo o complexo de favelas do Petare.
O avanço nas áreas mais populosas confirma uma tendência considerada "alerta" para os chavistas: a perda da maioria nas principais metrópoles.
"Os resultados são um alerta para reforçar os 3 "R's: revisão, retificação e reimpulso da revolução", diz sociólogo Nicmer Evans, militante do PSUV. "O voto urbano é mais sensível às falhas de gestão do governo."
Evans afirmou que gestões da oposição foram premiadas. Zulia e Miranda são governados por oposicionistas.

SISTEMA ELEITORAL
A vitória no eixo mais urbanizado do país levou a MUD a praticamente igualar o número de votos do PSUV, na contabilidade nacional.
Ainda assim, a MUD só alcançou 65 cadeiras.
O contraste reforçou a controvérsia sobre o sistema eleitoral e a nova lei aprovada pelos chavistas em 2009.
Por lei, os deputados são eleitos por distrito (vence quem tem mais votos em uma circunscrição) e por lista (proporcionalmente aos votos obtidos pelos partidos). Hoje, 68% dos postos são por distrito, e 32% lista.
As autoridades eleitorais, afinadas com o chavismo, redesenharam distritos em áreas de maioria governista, reduzindo seu tamanho.
Assim, menos votos foram necessários para eleger deputados. Isso ajuda a explicar o fato de o governo ter tido menos votos, mas eleito mais parlamentares.
Os aliados do presidente argumentam que isso ocorre em outros países.
Um exemplo é o caso distrital puro inglês. Nas últimas eleições, os conservadores tiveram 36,1% dos votos e 47% das cadeiras. Os liberais, com 23%, ficaram com 8,7% do Parlamento.
Na Venezuela, a mudança se mostrou vantajosa para o governo em vários casos, mas se voltou contra ele em ao menos dois. Um deles é Zulia, onde o chavismo sofreu a pior derrota, a MUD levou 12 cadeiras e o PSUV ficou com apenas 3.


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