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Hillary pediu a Brasil ação junto a Irã
Secretária de Estado telefonou em maio a chanceler Celso Amorim querendo ajuda para libertar jovens presos
Presidente Lula foi o portador de 3 cartas a Teerã, entre elas uma assinada por grupo
de senadores dos EUA
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
O Brasil recebeu um pedido direto do governo dos
EUA -via telefonema da secretária de Estado, Hillary
Clinton- para intervir no caso dos jovens americanos
presos no Irã sob acusação
de espionagem, segundo a
Folha apurou.
O chanceler Celso Amorim
voltou a discutir o tema ontem em reunião com seu
contraparte iraniano, Manouchehr Mottaki, às margens da 65ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Ele também falou a respeito com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,
no encontro que tiveram em
Nova York há uma semana.
O ministro brasileiro recebera um telefonema de Hillary com o pedido de ajuda
para os americanos em
maio, pouco antes de uma
viagem do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva a Teerã.
O governo brasileiro aceitou intervir. Lula foi portador
de três cartas com apelos para a libertação dos jovens a
Ahmadinejad, segundo a
Folha apurou: uma de senadores americanos, outra das
mães dos detidos e uma terceira do núncio apostólico
-embaixador do Vaticano-
em Washington.
O pedido dos EUA ocorreu
em um momento de tensão
entre os dois países por conta do Irã. O Brasil ainda tentava evitar a aplicação de
sanções defendidas pelos
americanos a Teerã por seu
programa nuclear, que acabaram aprovadas em junho.
INFLUÊNCIA
Dos três americanos presos em julho do ano passado
ao cruzar a fronteira do Iraque com o Irã, apenas uma
-Sarah Shourd- foi libertada até agora, no último dia
15. Seu noivo, Shane Bauer, e
o amigo Josh Fattal continuam presos em Teerã. Suspeitos de espionar, afirmam
ser turistas.
Amorim foi cauteloso ao
mencionar a influência brasileira na soltura de Sarah,
mas confirmou que Hillary
agradeceu pela atuação.
Ele recebeu cumprimentos
também da própria libertada, com quem se reuniu na
última sexta-feira.
Ontem, Amorim disse que
é preciso "respeitar o processo [iraniano], ver como evolui". "Eles sabem do nosso
interesse no caso", disse.
O ministro também tratou
com Mottaki ontem de outro
caso que mereceu atenção
brasileira no Irã -o da iraniana Sakineh Ashtiani, 43, que
foi condenada a morrer apedrejada pelo crime de adultério.
O chanceler brasileiro confirmou que ainda não há sentença final sobre o caso. Ela
ainda pode ser apedrejada,
mas é mais provável que seja
enforcada.
Segundo Amorim, Mottaki
"sabe do nosso interesse e
disse que o caso não está finalizado, porque ainda há
um processo judicial".
"O que eu deduzo é que
aquela hipótese do apedrejamento estaria afastada. O
que vai acontecer eu não sei
ainda. Não fiquei discutindo
métodos [apedrejamento,
enforcamento]."
Amorim disse ainda que o
"Brasil é contra a pena de
morte".
"Obviamente, o caso do
apedrejamento por um fato
que no Brasil não é considerado crime [adultério] chamou mais ainda a atenção."
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