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Gás com opiáceo é uma das suspeitas
CHARLES ARTHUR
CHRIS GRAY
DO "THE INDEPENDENT"
Os médicos que examinaram as
vítimas do ataque com gases feito
pelas autoridades russas para desalojar terroristas do teatro em
Moscou dizem acreditar que o
mais provável é que elas tenham
sido mortas por um opiáceo, e
não por um gás nervoso.
Segundo funcionários da Embaixada dos Estados Unidos em
Moscou, os médicos disseram
que os efeitos dos gases usados
pelos russos são aparentemente
semelhantes aos efeitos de um
opiáceo, como um derivado da
heroína, por exemplo.
Essas substâncias podem não
apenas desvirtuar os sentidos e
servir como analgésicos, mas
também causar coma e morte. Isso aconteceria devido ao efeito
paralisante na respiração ou na
circulação sanguínea.
Segredo de Estado
Apesar das especulações e dos
constantes pedidos de explicação
dos médicos que cuidam dos sobreviventes, as autoridades russas
continuam a se recusar a dizer
quais eram os componentes do
gás usado na operação.
Ou seja, muitas das vítimas estão sendo tratadas quase que "no
escuro" pelos especialistas.
"Continua sendo um quebra-cabeças", disse Thomas Zilker, toxicologista e professor da Universidade de Munique (Alemanha).
O médico está tratando dois dos
reféns liberados, mas não consegue identificar os agentes tóxicos
usados pelos russos.
Ele afirma que o gás não aparenta ser nenhuma arma química
conhecida e que pode ser uma
fórmula secreta desenvolvida pelos militares russos.
Segundo o deputado Alexei Arbatov, o governo não vai revelar a
natureza do gás porque a Rússia
pode enfrentar um ataque similar
no futuro, com terroristas ameaçando reféns.
"Para que possamos usar esse
tipo de gás de novo, o segredo de
sua fórmula não pode ser revelado", disse Arbatov.
Para Pavel Felgenhauer, um especialista independente em segurança, Moscou pode estar se recusando a revelar a fórmula do gás
"por temer críticas ou até mesmo
processos". "[O gás] pode ter
componentes proibidos."
A Rússia assinou, com 64 outros
países, a Convenção Internacional de Armas Químicas de 1997.
Esse tratado proíbe o uso de uma
série de substâncias na fabricação
de armamentos.
Especialistas em armas afirmam que o gás usado aparenta ter
um tipo de agente neuroparalisante como os comumente desenvolvidos nos anos 70 -eles citam
o gás sarin e o BZ, este último de
origem americana.
Viktor Baranets, um ex-funcionário do Ministério da Defesa da
Rússia, disse que o gás seria provavelmente o Kolokol-1, "o mais
promissor agente químico desenvolvido pelas forças especiais da
antiga União Soviética".
Segundo ele, esse gás se espalha
rapidamente e pode derrubar
uma pessoa saudável em menos
de três segundos. Porém pessoas
com deficiências cardíacas ou
propensão ao vômito poderiam
morrer por causa da inalação.
O chefe dos serviços médicos de
Moscou, Andrei Seltsovsky, disse
ontem que o gás não teria sido fatal se as vítimas estivessem bem
de saúde, e não privadas de comida, água e exercícios por mais de
dois dias e meio no cativeiro.
Outros especialistas russos
acham que o principal ingrediente do gás provavelmente foi um
poderoso tranquilizante, como o
Valium. "Armas químicas que
causam paralisia temporária não
são banidas pelas leis internacionais", disse Lev Fyodorov, que foi
cientista químico na antiga União
Soviética, mas agora lidera o independente Conselho para a Segurança Química de Moscou.
Fyodorov disse que o gás deve
ter sido desenvolvido pelos laboratórios da KGB (antigo serviço
de espionagem soviético) nos
anos 70. Os métodos de dispersão
teriam sido testados no metrô de
Moscou na década seguinte, sem
que os usuários do serviço de
transporte público tenham sido
sequer avisados.
Para o especialista, as autoridades devem ter exagerado na dose
do gás. "Há um bem conhecido
hábito russo de exagerar nas coisas. As doses que as autoridades
injetaram no edifício foram grandes demais, simplesmente cavalares", disse Fyodorov.
"Eles simplesmente não levaram em conta que muitas das pessoas dentro do teatro estavam nos
chamados grupos de risco, como
grávidas, pessoas com problemas
de coração, de rins e de fígado,
idosos e assim por diante."
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