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ELEIÇÕES NOS EUA/ AVANÇO DA OPOSIÇÃO
Estado-termômetro, Ohio assiste à virada dos democratas
Segundo analistas políticos e historiadores, cenário local reflete inquietação com governo federal que toma o país
Após ajudar vitória de Bush em 2000 e 2004, Estado deve dar à oposição vagas no Senado, no governo e
mais cadeiras na Câmara
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A COLUMBUS (OHIO)
Na quinta-feira, o comando
central do Partido Republicano
informou que não bancaria
mais novos anúncios para seu
candidato ao Senado por Ohio.
O fechar de torneira num momento vital da campanha veio
depois de o assessor presidencial Karl Rove, apelidado pela
oposição de "o cérebro de
Bush", ter pedido que Mike DeWine fosse mais agressivo nos
debates com o oponente, Sherrod Brown -sem resultado.
A decisão é quase uma admissão adiantada de derrota
num dos Estados-chaves das
eleições de 7 de novembro, que
renovarão um terço do Senado,
toda a Câmara dos Representantes (deputados) e 36 dos 50
governos estaduais e podem
dar o controle do Congresso à
oposição democrata pela primeira vez desde os anos 90 e dificultar os dois anos de governo
que restam a George W. Bush.
Pela localização, histórico e
demografia, Ohio é um termômetro dos EUA para o qual todos olham em anos eleitorais
-como disse a revista "The
Economist", "esse pedaço do
Meio-Oeste tem tudo que é
americano: parte nordeste,
parte sul; parte urbano, parte
rural; parte pobreza profunda,
parte subúrbios ascendentes".
Há 16 anos, o governador é
republicano, mas Bill Clinton
"levou" o Estado nas votações
presidenciais de 1992 e 1996.
Quatro anos depois, George W.
Bush ganharia numa disputa
apertada com Al Gore. Em
2004, a direita religiosa saiu de
casa para votar, acabou com a
tendência de alta em torno de
John Kerry e deu nova vitória
suada ao presidente -por 119
mil votos de diferença.
Oposição ganha fôlego
Pois o clima mudou entre os
11 milhões de habitantes deste
Estado industrial. É o que mostram as últimas pesquisas de
intenção de voto, que dão vantagem média de 16 pontos aos
democratas em geral. Além do
senador, deve levar o candidato
democrata ao governo, Ted
Strickland, e as atuais seis vagas
democratas na Câmara devem
subir a ao menos nove.
É o que comprovaram também entrevistas com eleitores,
militantes, analistas, religiosos
e os comandos dos dois partidos nos quatro dias que a Folha
passou no Estado, no fim da semana passada. "O ambiente está contaminado para os republicanos", diz Joe Hallett, experiente analista político local.
"Se o furacão Katrina foi um
desastre de categoria 3, o que
se aproxima para o partido do
presidente será categoria 5",
faz coro Benjamin Marrison,
editorialista do "The Columbus Dispatch", o maior jornal
da região -conservador, é a
primeira vez em 84 anos que
não apóia um republicano.
"O que acontece em Ohio é
um reflexo da inquietação que
toma o país", diz Paul Beck,
professor de sociologia da Universidade Estadual local. "Somos um microcosmo dos EUA,
não raro adiante de tendências
que se confirmarão depois."
Seguindo esse raciocínio, diz
Beck, haverá abstenção maior
entre os republicanos, provocada pelo descontentamento
com a Guerra do Iraque, o escândalo sexual do ex-deputado
Mark Foley, as denúncias de
corrupção e a economia. Não
necessariamente nessa ordem.
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