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Por 2011, Kirchner quer agora comando do partido peronista
DE BUENOS AIRES
O presidente Néstor Kirchner se vangloria de ter recuperado a Argentina da maior crise
de sua história. Fora do poder,
terá a partir de 11 de dezembro
a missão de resolver outra crise
histórica que ele mesmo ajudou a criar: a do peronismo.
Kirchner, 57, já anunciou que
seu principal objetivo num futuro próximo é reconstruir o
peronismo, fragmentado desde
que, em 2002, o então presidente Eduardo Duhalde revogou a lei que determinava primárias nos partidos para eleger
candidatos a cargos majoritários. O fez por temor de que seu
candidato -Kirchner- perdesse a candidatura para Carlos
Menem, que dominava o Partido Justicialista (peronista).
Naquela ocasião, o PJ teve três
candidatos: Kirchner, Menem
e Adolfo Rodríguez Saá.
Desde então, o partido está
sob intervenção judicial; nas
eleições atuais, pela primeira
vez, o nome e os símbolos do PJ
não estiveram na cédula dos
candidatos presidenciais. Apesar das restrições legais, três
candidatos à Presidência se declaram peronistas: Cristina
Kirchner, Roberto Lavagna e
Alberto Rodríguez Saá.
Embora sobreviva pouco da
ideologia de Juan Domingo Perón, o peronismo ainda é muito
forte na Argentina; por isso, a
aberta disputa por dominar o
partido. Além de Kirchner, Duhalde, hoje adversário do presidente, também se impôs o objetivo de recuperar o PJ. E o próprio Menem disse que concorrerá à presidência do PJ.
Kirchner defende o conceito
de "concertação plural" e escolheu um membro da histórica
rival do peronismo, a UCR
(União Cívica Radical), para ser
vice de Cristina na chapa para a
Presidência. Mas na hora de coletar votos, sabe a importância
do aparato peronista, que domina a região mais populosa e
eleitoralmente mais significativa da Argentina, a região metropolitana de Buenos Aires.
Historicamente, o peronismo sempre teve ao menos 40%
dos votos presidenciais desde
1983. No cenário atual de fragmentação, é o valor que basta
para que um presidente seja
eleito no primeiro turno.
Máquina eleitoral
Na definição do ensaísta Alejandro Horowicz, o peronismo
"funciona como uma máquina
eleitoral que é ligada 15 minutos antes das eleições e desligada 30 segundos depois". Kirchner ligou a máquina em potência máxima ao responder dias
antes da eleição com uma afirmativa simples ao ser indagado
se seu objetivo é se transformar
em presidente do PJ.
Embora os Kirchner neguem
que a sucessão do presidente
pela primeira-dama seja uma
estratégia para que o casal se
reveze no poder, oposicionistas
e analistas vêem a retomada do
controle do PJ como o primeiro
passo para que Kirchner comece a pensar em um regresso à
Casa Rosada em 2011.
(RODRIGO RÖTZSCH)
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