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Estrategista-chefe vira amigo e confidente de democrata
JEFF ZELENY
DO "NEW YORK TIMES", EM CHICAGO
O celular de David Axelrod
dá sinais de vida, às vezes antes
da meia-noite, às vezes depois.
Caso o som seja o de "Signed,
Sealed, Delivered I'm Yours",
de Stevie Wonder, ele imediatamente deixa a mesa de jantar
ou a banqueta do bar, pois é
quase certo que Barack Obama
esteja na linha, pronto para outra etapa da conversa constante
que os dois mantêm já há dois
anos -dois anos notáveis.
"Quando o telefone toca às
23h, quase sempre sei quem será", diz Axelrod. "Ele gosta de
pensar e trabalhar à noite."
Enquanto Obama avança para os dias finais da disputa pela
Casa Branca, o círculo de assessores que o cerca se expande.
Mas quase nenhum deles é tão
responsável quanto Axelrod
por sua atual situação. O posto
de "estrategista-chefe" que ele
ocupa formalmente mal indica
a extensão dos deveres que vem
cumprindo ao acompanhar o
senador em sua evolução: amigo, conselheiro e confidente,
sempre ao lado do candidato.
De muitas formas, Axelrod
serve como exemplo clássico
do consultor político de Washington (ainda que ele more
em Chicago e afirme que não
tem intenção de se transferir
para a capital). Ele produz propaganda e aconselha candidatos a prefeituras, ao Senado e à
Presidência há um quarto de
século, desde que deixou seu
emprego como repórter, em
1984. Sua especialidade é mostrar a candidatos negros como
atrair o eleitorado branco.
Mas o relacionamento de
Axelrod com esse cliente parece um pouco diferente, e o investimento pessoal que ele fez
no sucesso de Obama fica evidente na expressão sofrida que
ele ostenta sempre que seu
candidato está sob ataque.
Laço estreito
No trio dos principais estrategistas da campanha de Obama, que inclui o principal assessor de comunicação, Robert
Gibbs, e o diretor de campanha,
David Plouffe, é Axelrod que
está com Obama há mais tempo
e mantém o relacionamento
mais estreito com o candidato.
"Ainda que ele seja um homem duro, não se trata de um
mercenário", declarou Obama.
"Ele acredita naquilo que está
fazendo, e isso o torna um mau
consultor quando não acredita
no candidato e em um grande
consultor quando o faz".
E Axelrod claramente crê.
Mas dizer que o faz desde que
conheceu Obama, em 1992, seria revisar a história.
O relacionamento deles começou quando a ativista democrata Bettylu Saltzman, de Chicago, sugeriu apresentá-los. Ela
era voluntária da primeira
campanha presidencial de Bill
Clinton, e Obama buscava registrar mais eleitores.
Impressionada, Saltzman
previu a seus amigos que Obama seria o primeiro presidente
negro dos EUA. Assim, chegou
à conclusão de que ele devia ser
apresentado ao mais conhecido
estrategista político da cidade.
"Falei muito a ele sobre Obama", diz Saltzman, relembrando o momento em que insistiu
a Axelrod para que este arranjasse tempo para conhecer o jovem advogado. "Eles têm personalidades complementares.
David é bem mais volátil que
Barack". E acrescenta: "O senador o acalmou muito".
Foram precisos alguns anos
para que Axelrod adotasse
Obama como cliente. Mas, desde então, a união entre eles se
tornou mais que apenas profissional. "Ele está sempre em sua
melhor forma nos nossos piores momentos; isso nos ajudou
a atravessar períodos difíceis",
disse Axelrod. "Em uma campanha nacional não é muito comum, mas todos gostamos uns
dos outros aqui".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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