São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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Soldados de McCain lutam até o fim

Ativistas republicanos dizem que entusiasmo é igual ou maior do que o da campanha de Bush, em 2004

Líderes locais do partido exibem números altos de voluntários, telefonemas a eleitores e distribuição de cartazes para indicar força

ANDREW WARD
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

Quando John McCain programou um comício em Sarasota, Flórida, numa arena com lugar para 4.000 pessoas, Eric Robson, presidente do Partido Republicano local, duvidou que o local ficasse cheio. "Tivemos um pouco de medo de que a negatividade na mídia desencorajasse as pessoas de comparecer", disse Robinson, referindo-se à impressão cada vez mais forte de que Barack Obama se encaminha para uma vitória na próxima semana.
Mas os organizadores foram inundados com 12 mil pedidos de ingressos, o suficiente para lotar a arena três vezes.
Para os democratas, essa história constitui um lembrete sério de que, apesar de toda a conversa sobre uma possível vitória arrasadora de Obama, os republicanos de base ainda não desistiram da luta.
Em entrevistas feitas na semana passada com mais de 20 líderes republicanos em cinco Estados disputados palmo a palmo entre os dois candidatos presidenciais, o "Financial Times" constatou que a atitude dos "soldados rasos" da campanha republicana é de desafio.
"Nunca antes vi uma desconexão tão grande entre o que está acontecendo em campo e o que estão dizendo os analistas em Washington", diz Steve Davis, presidente do partido em Fairfield County, Ohio.
A visão dominante atual é que a base do partido hoje não passa de uma sombra reduzida e desmoralizada da força que garantiu a George W. Bush seu segundo mandato. Mas quase todos os ativistas entrevistados disseram que o entusiasmo é igual ou superior ao de 2004.
"A idéia de que esta corrida já está decidida é algo difundido pela imprensa de esquerda para desmoralizar os republicanos, mas não está funcionando", afirma Ronald Lumbrezer, presidente do partido em Fulton County, Ohio.
Seria fácil supor que o otimismo não passa de retórica ou mesmo de auto-ilusão, mas vários líderes republicanos nos condados ofereceram evidências para fundamentar o que disseram, tais como o número recorde de voluntários e a demanda crescente por artigos da campanha. Davis disse que o partido distribuiu em Fairfield 5.000 cartazes McCain-Palin para ser expostos diante de casas, contra 2.500 na campanha Bush-Cheney. Em Walton County, Flórida, o partido fez o maior número de telefonemas de qualquer eleição. "Estamos trabalhando mais duro por McCain do que trabalhamos por Bush", disse Jim Anders, membro de um comitê local.
A maioria dos ativistas vê a dianteira de Obama nas pesquisas apenas como uma ferramenta de propaganda da mídia "liberal". Vários líderes reconheceram que falta à campanha atual a força organizacional da máquina de Bush. Mas suas fraquezas foram contrabalançadas pelo entusiasmo gerado pela escolha de Sarah Palin e pela oposição intensa a Obama.
Um comparecimento grande de eleitores republicanos às urnas na terça pode gerar um resultado mais apertado do que o previsto pelas pesquisas, mas a base do partido não pode, sozinha, garantir uma vitória republicana. A parcela de eleitores que se dizem republicanos caiu de 33% em 2004 para 28%. No caso dos democratas, segundo o Centro de Pesquisas Pew, subiu de 35% para 37%. Para vencer, McCain precisa da adesão dos eleitores independentes, mas as pesquisas indicam que ele está perdendo nesse grupo.

Tradução de CLARA ALLAIN



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