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Dalai-lama rediscute negociação com Pequim
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O dalai-lama, líder político e
religioso do budismo tibetano,
convocou uma reunião especial
para discutir o futuro das negociações com Pequim. O chamado Parlamento Tibetano no
exílio confirmou ontem a reunião na Índia. No sábado, o dalai-lama tinha anunciado o
abandono do diálogo com o governo chinês sobre o futuro da
Província separatista.
O encontro acontecerá entre
17 e 22 de novembro em Dharamsala, norte da Índia, onde o
dalai-lama mora desde 1959,
quando fugiu da China após
uma tentativa fracassada de
golpe. O Tibete é ocupado pela
China desde a invasão das tropas comunistas em 1950.
Será uma assembléia com a
participação de representantes
de todas as organizações tibetanas no exílio. "Qualquer coisa
pode sair do encontro, o resultado terá um significado moral
e democrático sobre o pensamento da liderança tibetana",
disse Karma Choephal, porta-voz do Parlamento.
A China e representantes do
dalai-lama tiveram sete reuniões de negociação desde
2002, mas sem maiores avanços. Após o último encontro,
em julho, o enviado do dalai-lama, Lodi Gyari, disse que as
conversas não teriam significado se não houvesse uma grande
mudança de atitude.
"Estive sinceramente tentando alcançar o meio-termo
nas negociações com a China
por um longo tempo, mas não
tive nenhuma resposta positiva
do lado chinês", disse o dalai-lama, 73, no sábado. O Prêmio
Nobel da Paz defende mais autonomia para a região e a preservação da cultura budista tibetana, mas não quer independência da China.
A discussão chega ao final de
um ano conturbado. Uma manifestação pró-autonomia em
março terminou em quebra-quebra e violência em Lhasa, a
capital do Tibete. Segundo o
governo chinês, 22 pessoas, a
maioria chineses da etnia han,
foram mortos. Grupos tibetanos no exílio dizem que 140 tibetanos foram mortos.
Logo após os incidentes, o
governo fechou a região para o
mundo. Poucos jornalistas
convidados puderam visitar a
região, mas sem entrevistar
nem monges budistas nem pessoas na rua. Em junho, a região
foi reaberta a turistas estrangeiros, mas eles só podem visitar Lhasa e arredores, acompanhados por guias do governo.
O governo chinês não respondeu ao abandono do diálogo pelo dalai-lama e disse que a
atitude da China é "sincera".
Questionado, o Ministério das
Relações Exteriores da China
apenas falou que os detalhes da
negociação estavam "em discussão" e negou que estivesse
interrompida.
"Há um velho ditado chinês
que diz que nós devemos julgar
um homem não apenas pelo
que ele diz, mas pelo que ele
faz", disse a porta-voz da Chancelaria chinesa, Jiang Yu.
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