São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Síria protesta e fecha escola americana

Para EUA, operação de domingo em território sírio matou agente da Al Qaeda que infiltrava terroristas no Iraque; Damasco nega

Além de escola, regime fecha centro cultural ligado à representação americana; Damasco insiste que só foram vitimados civis

DA REDAÇÃO

O governo sírio anunciou ontem o fechamento, até segunda ordem, de uma escola e de um centro cultural mantidos em Damasco pela embaixada americana. É uma forma de protesto contra a incursão, no domingo, de forças dos Estados Unidos contra seu território, que terminou com a morte de oito supostos civis, entre eles, insistiu o governo, quatro crianças.
Um informante americano não identificado disse à Associated Press que o alvo bem-sucedido da operação foi Abu Ghadiya, um ex-adjunto de Abu Musab al Zarqawi, o chefe das operações da Al Qaeda no Iraque, morto em 2006.
Ghadiya, cujo verdadeiro nome seria Badran Turki Hishan Al Mazidih, era o encarregado da infiltração em solo iraquiano de extremistas islâmicos que faziam escala na Síria. A operação que o matou no domingo foi precipitada por informações de que ele comandaria um atentado iminente.
O informante disse por fim que o comando americano no Iraque informara Damasco sobre o rastreamento de Ghadiya, mas o governo sírio respondeu que as movimentações daquele cidadão estavam sendo devidamente monitoradas.

Damasco nega versão
A versão de que o terrorista da Al Qaeda era o alvo do Pentágono foi negada pelo ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al Moualen. Ele disse, retomando a versão inicial de seu país, que um homem e seus três filhos mortos não podem ser qualificados de terroristas. A incursão ocorreu às 16h15, no vilarejo rural de al-Sukkari, imediações de Albou Kamal, junto à fronteira com o Iraque.
O fechamento da escola e do centro cultural americanos em Damasco foi determinado pelo primeiro-ministro sírio, Naji Otari. Mas a Associated Press constatou, horas depois, que as aulas no período da tarde prosseguiram normalmente, no bairro de Maliki. A escola é freqüentada por crianças americanas e estrangeiras, em geral de outros países árabes.
Os Estados Unidos não têm embaixador em Damasco desde 2005, quando do atentado em Beirute, com suposta participação síria, que matou o ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. A representação, diplomaticamente rebaixada, é chefiada desde então por um encarregado de negócios.
Em Washington, o Departamento de Estado não quis comentar as medidas de retaliação sírias porque o governo americano não foi notificado.
Nas Nações Unidas, o embaixador sírio, Bashar Jaafari, pediu que o Conselho de Segurança se posicione contra "a agressão americana".
A operação de domingo, diz a Associated Press, levou os EUA a neutralizar bases terroristas no território de um país com o qual não estão em guerra. É o caso também de um aliado de Washington, o Paquistão.
Tais incursões realimentam o sentimento antiamericano e permitem que os países atingidos evoquem a violação de suas soberanias. Mas o risco da administração Bush foi pensado diante da possibilidade de tais países zerarem suas mágoas a partir de janeiro, quando já estará empossado um novo presidente na Casa Branca.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Bolívia: Corte concede habeas corpus a governador; Morales ignora
Próximo Texto: Dalai-lama rediscute negociação com Pequim
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.