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Cristina envia ao Congresso projeto
de reforma eleitoral na Argentina
Texto, criticado como manobra pró-Kirchner, determina primárias abertas
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
A presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, enviou ontem ao Congresso projeto de lei
que redefine as regras eleitorais do país. Segundo o governo, os eixos da reforma são "a
democratização da representação política, a transparência e a
equidade eleitoral". Setores da
oposição vislumbram na iniciativa o propósito de pavimentar
a candidatura do ex-presidente
e marido de Cristina, Néstor
Kirchner, à eleição presidencial de 2011.
Ontem, viam-se no centro de
Buenos Aires cartazes com a
inscrição "Kirchner 2011", assinados por associações civis alinhadas ao kirchnerismo. O ex-presidente enfrenta dissidências internas em seu partido, o
peronista PJ, pelo qual diversos
de seus adversários almejam se
candidatar à Presidência.
O projeto de lei de Cristina
impõe eleições primárias abertas -todo o eleitorado é obrigado a votar - para definir os candidatos a presidente, a deputado federal e a senador. As primárias devem ser simultâneas
para todas as siglas.
Mudam também as regras de
financiamento às campanhas
eleitorais. A propaganda eleitoral na TV passa a ser gratuita,
com veto à compra de espaços
publicitários por partidos e
candidatos. A distribuição do
tempo na TV prevê que metade
se divida entre todas as siglas.
Os outros 50% são distribuídos
proporcionalmente à votação
das siglas na eleição anterior. A
Argentina possui hoje 33 partidos de abrangência nacional.
Ao apresentar o projeto,
Cristina afirmou que "em épocas absolutamente midiáticas,
quem conta com mais fundos e
recursos tem maiores possibilidades. A lei tem o objetivo de
garantir igualdade no espaço
dos meios audiovisuais".
A aprovação da lei exige
maioria absoluta na Câmara e
no Senado. Assim como no trâmite da Lei de Serviços Audiovisuais, o governo pretende que
a votação do projeto ocorra antes que o Congresso passe a ter
maioria opositora, em dezembro, com a posse dos legisladores eleitos em junho passado.
Prevendo que, após a renovação do Congresso, Cristina lance mão do veto presidencial para neutralizar decisões do Legislativo desfavoráveis ao governo, a oposição ensaia acordo
para convocar referendo popular às leis. Pela legislação argentina, leis aprovadas em referendo não podem ser alvo de veto.
Líderes opositores convidados ao ato de assinatura do projeto de lei não compareceram,
sob a justificativa de que não
avalizariam um texto cujo conteúdo desconhecem. O ministro do Interior, Florencio Randazzo, classificou a negativa como "desrespeito à mandatária".
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