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VENEZUELA
Governo rejeita consulta convocada por órgão eleitoral, com caráter consultivo, e a descreve como "golpezinho"
Chávez enfrenta referendo em fevereiro
DA REDAÇÃO
O Conselho Nacional Eleitoral
da Venezuela aprovou ontem a
realização de um referendo, no
início do ano que vem, defendido
por opositores ao governo para
que a população decida se o presidente Hugo Chávez deveria renunciar.
O referendo, convocado para o
dia 2 de fevereiro, não forçaria
Chávez legalmente a deixar o governo, mas seus opositores acreditam que uma rejeição decisiva a
seu governo representaria uma
derrota política para o presidente
que poderia pressioná-lo a renunciar e convocar eleições no país, o
quinto maior exportador de petróleo do mundo.
O governo venezuelano descreveu a decisão como inconstitucional e disse que vai adotar medidas
legais contra ela. "É um 11 de abril
eleitoral, um "golpecito" [golpezinho]", disse o vice-presidente José Vicente Rangel.
Em abril, Chávez foi afastado da
Presidência por dois dias por um
golpe cívico-militar, mas retornou graças à atuação de simpatizantes civis e de militares leais.
Mais de 60 pessoas foram mortas
nos conflitos de rua ocorridos entre o dia do golpe e o retorno de
Chávez à Presidência.
"Trata-se de uma sentença nula,
um verdadeiro ataque à constitucionalidade democrática", afirmou o vice-presidente, segundo o
qual o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) "desconhece" uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça que "obriga que as decisões do CNE sejam adotadas por
maioria de quatro a um, e eles tomaram a decisão por três votos
contra dois".
Alfredo Avella, presidente do
CNE, disse que a instituição, que
fiscaliza eleições e referendos,
concordou com a realização do
referendo para saber se Chávez
deveria renunciar porque ela tinha sido aprovada por três dos
cinco membros, o que, segundo
ele, seria permitido de acordo
com a recém-promulgada Lei
Eleitoral.
Chávez, que liderou um golpe
de Estado frustrado em 1992 e foi
eleito democraticamente em
1998, já disse que não renunciará
"nem que perca com 90% dos votos" e que respeitará a Constituição, promulgada por ele em 2000,
que prevê a possibilidade de um
referendo somente a partir de
agosto do ano que vem, quando o
seu mandato chega à metade.
Greve geral
Líderes da oposição obtiveram,
no início do mês, um abaixo-assinado com mais de 1,5 milhão de
assinaturas reivindicando a realização do referendo. Eles ameaçam convocar uma greve geral na
segunda-feira se o governo não
aceitar o referendo e um acordo
eleitoral mais amplo em negociações que contam com a mediação
da Organização dos Estados
Americanos (OEA).
"Até agora, nesta segunda-feira
estaremos em greve", disse Jesús
Torrealba, membro da executiva
da Coordenação Democrática
(CD, que agrupa os partidos de
oposição).
A oposição acusa Chávez de
destruir o país com suas políticas
populistas de esquerda e pede sua
renúncia e a convocação de eleições antecipadas.
Mediadores internacionais tentam promover um acordo eleitoral para pôr fim à tensão política
no país.
Com agências internacionais
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