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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Mídia americana faz uma cobertura favorável de visita-surpresa do presidente a soldados no aeroporto

Até democratas elogiam Bush por sua viagem a Bagdá

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A viagem-surpresa de George W. Bush a Bagdá durante o feriado do Dia de Ação de Graças, anteontem, foi considerada um bom golpe do presidente dos EUA em um momento de questionamento interno da ação no Iraque.
Bush não recebeu críticas pela ação nem de pré-candidatos da oposição democrata ao pleito presidencial do ano que vem.
Ao contrário, chegou a ser elogiado pelos assessores de alguns deles e dominou, com um tom amplamente favorável, os noticiários da TV durante um dos feriados mais familiares do país.
Bush apareceu nas manchetes dos principais jornais americanos (e do mundo) segurando um peru, símbolo do feriado, com soldados ao fundo. O golpe foi comparada à ida do presidente aos escombros do World Trade Center logo após o 11 de Setembro, ponto em que ele marcou, na prática, o início de seu mandato, voltado à segurança e ao combate ao terror.
Ao contrário da reação negativa gerada quando pousou vestido de piloto em um porta-aviões militar no Pacífico em 1º de maio passado, para anunciar o fim dos "principais combates" da guerra, Bush despertou agora uma imagem de apoio renovado à ação no Iraque.
A viagem começou a ser planejada há mais de seis semanas e a idéia foi atribuída ao chefe de gabinete da Presidência, Andrew Card, que teria questionado Bush se ele não gostaria de passar o feriado em Bagdá com soldados.
Entre outros ex-presidentes, Bill Clinton também passou o Dia de Ação de Graças com seus soldados em Kosovo, em 1999. Lyndon Johnson passou o Natal com as tropas no Vietnã, em 1967.
Os planos da viagem ao Iraque, no entanto, foram cercados por um sigilo absoluto. Até mesmo funcionários do serviço secreto que acompanham Bush diariamente foram surpreendidos.
Um dos convidados para o vôo, o repórter Mike Allen, do "The Washington Post", informou ontem que alguns jornalistas que faziam plantão horas antes da viagem no rancho de Bush no Texas acharam que tudo não passava de uma "brincadeira extremamente bem elaborada". Allen e outros foram convidados no próprio local para embarcar em horas.
Todos os convidados do Texas tiveram de se comprometer a não avisar ninguém da viagem, nem mesmo familiares ou os chefes diretos nas redações.
Enquanto os repórteres aguardavam, Bush e sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, foram transportados do rancho para um hangar próximo em um automóvel comum, com pouquíssima segurança, e disfarçados apenas com bonés.
A caminho de Bagdá, os aparelhos eletrônicos dos repórteres foram temporariamente confiscados e os passageiros tiveram de vestir coletes à prova de balas.
Bush passou só duas horas e meia com cerca de 600 soldados no aeroporto de Bagdá, e as primeiras informações da viagem só surgiram após sua partida.


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