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IRAQUE OCUPADO
Mídia americana faz uma cobertura favorável de visita-surpresa do presidente a soldados no aeroporto
Até democratas elogiam Bush por sua viagem a Bagdá
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A viagem-surpresa de George
W. Bush a Bagdá durante o feriado do Dia de Ação de Graças, anteontem, foi considerada um bom
golpe do presidente dos EUA em
um momento de questionamento
interno da ação no Iraque.
Bush não recebeu críticas pela
ação nem de pré-candidatos da
oposição democrata ao pleito presidencial do ano que vem.
Ao contrário, chegou a ser elogiado pelos assessores de alguns
deles e dominou, com um tom
amplamente favorável, os noticiários da TV durante um dos feriados mais familiares do país.
Bush apareceu nas manchetes
dos principais jornais americanos
(e do mundo) segurando um peru, símbolo do feriado, com soldados ao fundo. O golpe foi comparada à ida do presidente aos escombros do World Trade Center
logo após o 11 de Setembro, ponto
em que ele marcou, na prática, o
início de seu mandato, voltado à
segurança e ao combate ao terror.
Ao contrário da reação negativa
gerada quando pousou vestido de
piloto em um porta-aviões militar
no Pacífico em 1º de maio passado, para anunciar o fim dos "principais combates" da guerra, Bush
despertou agora uma imagem de
apoio renovado à ação no Iraque.
A viagem começou a ser planejada há mais de seis semanas e a
idéia foi atribuída ao chefe de gabinete da Presidência, Andrew
Card, que teria questionado Bush
se ele não gostaria de passar o feriado em Bagdá com soldados.
Entre outros ex-presidentes, Bill
Clinton também passou o Dia de
Ação de Graças com seus soldados em Kosovo, em 1999. Lyndon
Johnson passou o Natal com as
tropas no Vietnã, em 1967.
Os planos da viagem ao Iraque,
no entanto, foram cercados por
um sigilo absoluto. Até mesmo
funcionários do serviço secreto
que acompanham Bush diariamente foram surpreendidos.
Um dos convidados para o vôo,
o repórter Mike Allen, do "The
Washington Post", informou ontem que alguns jornalistas que faziam plantão horas antes da viagem no rancho de Bush no Texas
acharam que tudo não passava de
uma "brincadeira extremamente
bem elaborada". Allen e outros
foram convidados no próprio local para embarcar em horas.
Todos os convidados do Texas
tiveram de se comprometer a não
avisar ninguém da viagem, nem
mesmo familiares ou os chefes diretos nas redações.
Enquanto os repórteres aguardavam, Bush e sua assessora de
Segurança Nacional, Condoleezza
Rice, foram transportados do
rancho para um hangar próximo
em um automóvel comum, com
pouquíssima segurança, e disfarçados apenas com bonés.
A caminho de Bagdá, os aparelhos eletrônicos dos repórteres foram temporariamente confiscados e os passageiros tiveram de
vestir coletes à prova de balas.
Bush passou só duas horas e
meia com cerca de 600 soldados
no aeroporto de Bagdá, e as primeiras informações da viagem só
surgiram após sua partida.
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