|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Onze países sabiam de prisões da CIA, diz Parlamento da UE
Relatório preliminar critica chefe de política externa do bloco e governo britânico por omissão; inquérito continua
Texto cita 1.245 vôos da CIA sobre território europeu e indícios de que a Polônia manteve prisão secreta para suspeitos de terrorismo
CONSTANT BRAND
DA ASSOCIATED PRESS, EM BRUXELAS
Um relatório do Parlamento
Europeu divulgado ontem diz
que Reino Unido, Polônia, Itália, Alemanha e sete outros países da União Européia tinham
conhecimento das prisões secretas mantidas no continente
pela CIA, agência central de inteligência dos EUA.
O relatório preliminar, escrito após meses de inquérito de
um comitê especial, também
acusa altos representantes da
UE, inclusive seu chefe de política externa, Javier Solana, de
não revelar publicamente os fatos sobre as alegadas prisões secretas mantidas pelos EUA e as
abduções sigilosas de suspeitos
de terrorismo dentro do bloco.
Uma porta-voz de Solana disse
que seu gabinete tem pouca
responsabilidade pelos temas
levantados no texto. "São questões para os Estados-mebros",
afirmou Cristina Gallach.
O esboço entregue ao comitê
especial da Assembléia da UE
que examina os supostos seqüestros e prisões da CIA na
Europa pediu às autoridades
nacionais que iniciem investigações sobre a possibilidade de
terem sido violadas leis européias de direitos humanos.
O relatório critica Solana e
Gijs de Vries, o coordenador do
esforço antiterror da UE, por
"omissões e negações" durante
seus depoimentos ao comitê.
Prisão na Polônia
Embora ofereça poucas provas, o relatório afirma que obteve dados de documentos secretos e informações de várias fontes nos Estados Unidos e de autoridades nacionais pertencentes ao bloco de 25 países.
"Ao menos 1.245 vôos operados pela CIA passaram pelo espaço aéreo europeu ou fizeram
escalas em aeroportos europeus", diz o texto. O relatório
afirma que 11 países da UE
-Reino Unido, Polônia, Itália,
Alemanha, Suécia, Áustria, Irlanda, Espanha, Portugal, Grécia e Chipre- tiveram conhecimento das supostas medidas
secretas antiterror dos EUA em
exercidas em solo europeu.
Segundo o documento, o comitê obteve "sérias evidências
circunstanciais" indicando que
a Polônia pode ter abrigado
uma prisão temporária secreta
operada pela CIA.
O relatório também criticou
a maioria dos 25 governos da
UE por falta de cooperação
com a investigação, que foi
aberta em janeiro e deve durar
até janeiro de 2007. O relatório
provisório será votado pelo comitê especial após o recesso de
Natal da Assembléia da UE.
As alegações de que agentes
da CIA teriam feito prisioneiros embarcar em aeroportos
europeus para serem levados a
centros de detenção secretos,
incluindo complexos na Europa do leste, vieram à tona pela
primeira vez em novembro de
2005. Neste ano, as organizações Human Rights Watch e
Conselho da Europa identificaram a Polônia e a Romênia como possíveis locais das supostas prisões, mas os dois países
negaram envolvimento.
Um investigador do Conselho da Europa, um importante
grupo de defesa dos direitos
humanos, disse que as evidências apontam para a possibilidade de que aviões ligados à
CIA transportando suspeitos
de terrorismo tenham aterrissado na Romênia e Polônia e
provavelmente deixado detentos nesses países.
Em setembro, o presidente
dos EUA, George W. Bush, admitiu pela primeira vez que
suspeitos de terrorismo foram
mantidos em prisões operadas
pela CIA no exterior, mas não
especificou onde.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Análise: Projeto dos EUA era ampliar base Próximo Texto: Investigação sobre espião acha radiação Índice
|