São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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EUA vêem guerra civil no Iraque, e Bush rejeita tese

Imprensa adota termo para falar do conflito; presidente culpa Al Qaeda por violência

Americano se encontra hoje com premiê iraquiano para discutir nova estratégia e pede a membros da Otan mais tropas no Afeganistão

DA REDAÇÃO

Enquanto o presidente George W. Bush insiste em não aceitar o termo guerra civil para definir os crescentes conflitos sectários no Iraque, parte da imprensa americana não tem mais dúvidas: ontem, o "New York Times" e outros jornais de destaque, como o "Los Angeles Times", anunciaram que passarão a usar o termo ao falar sobre a violência no país.
A decisão segue anúncio semelhante feito anteontem pela emissora NBC, uma das três maiores redes de TV abertas do país, e ocorre um dia depois de a Casa Branca reconhecer que a violência generalizada levou o Iraque a uma "nova fase".
Mas, mesmo admitindo que "há muita violência sectária", o presidente continua a rejeitar o termo. A definição tem implicações políticas (leia ao lado).
Ontem, na Estônia -onde esteve antes de ir para a reunião de cúpula da Otan (aliança militar ocidental) na Letônia-, questionado a respeito, Bush disse que "há todo tipo de especulação sobre o que pode ou não estar acontecendo".
E culpou extremistas -em especial o grupo terrorista Al Qaeda- pelo caos no Iraque. O objetivo deles seria impedir a democracia. "A violência é fomentada por ataques da Al Qaeda, que fazem as pessoas buscarem uma represália", disse. "Os extremistas não suportam a idéia de democracia."
O presidente se encontra hoje com o premiê iraquiano, o xiita Nuri al Maliki, na Jordânia, para discutir novas estratégias contra a violência generalizada. Segundo ele, as tropas dos EUA não deixarão o país "até que a missão esteja cumprida".
Bush hesita em pedir o apoio de Síria e Irã contra a violência. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, em encontro com o presidente iraquiano, Jalal Talabani, em Teerã, culpou os EUA pelo caos no Iraque, sugerindo a saída americana.
Ontem, cinco meninas e um adulto iraquiano foram mortos num confronto entre americanos e suspeitos em Ramadi. O Exército lamentou as mortes.
No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a extensão, por um ano, do mandato das forças da coalizão.

Afeganistão
Com o apoio do secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), Jaap de Hoop Scheffer, Bush pediu ontem, no primeiro dia da reunião da aliança, que os aliados enviem mais tropas ao Afeganistão. Há hoje 32.800 militares no país.
"Para ter sucesso, os aliados precisam providenciar as forças militares de que os comandantes necessitam. Os países têm de aceitar tarefas difíceis", afirmou, em referência às restrições, aprovadas pelos Parlamentos nacionais, que impedem alguns países de operar em determinadas áreas ou participar de certos combates. A principal restrição diz respeito a ações no sul, onde ocorrem os piores confrontos com o grupo extremista islâmico Taleban.
O premiê britânico, Tony Blair, aliado de Bush, afirmou que a credibilidade da Otan depende da ação no Afeganistão. "Se não tivermos sucesso, o mundo será menos seguro." A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, disse que não vai enviar mais soldados -há 2.700 alemães no Afeganistão.


Com agências internacionais


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