São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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Ortodoxos são o resultado de antiga cisão

DA REDAÇÃO

O cristianismo se dividiu em 1054, a exemplo do que havia ocorrido bem antes com o Império Romano.
Além de questões políticas -obstáculos para manter uma fé unitária em territórios submetidos a interesses temporais conflitantes-, a cisão foi acompanhada da excomunhão mútua entre o papa e o patriarca de Constantinopla e de uma controvérsia teológica que, séculos depois, ainda não foi resolvida.
Basicamente, a igreja do Oriente não reconhecia a infalibilidade do papa, recusava a submissão à sua autoridade e dava uma interpretação diferente à natureza do Espirito Santo, a partir de leituras conflitantes de duas decisões tomadas por concílios da Antigüidade.
Hoje em dia, Bento 16 encabeça de modo incontestável 1,1 bilhão de católicos. Mas o mesmo não se aplica a Bartolomeu 1º, patriarca de Constantinopla (atual Istambul; sua designação não reconhece o nome que a cidade passou a ter depois de 1453), com quem o papa deverá se avistar hoje e amanhã, na perspectiva de um longo diálogo para a reunificação do cristianismo.
A autoridade do patriarca é mais histórica sobre os 400 milhões de ortodoxos.
Convivem no mundo 15 hierarquias ortodoxas chamadas de "autocéfalas", que funcionam de modo autônomo, e cinco outras desvinculadas desse conjunto, como os ortodoxos do Japão e os dissidentes da Ucrânia.
Nessa constelação, a igreja ortodoxa mais poderosa está subordinada ao patriarca de Moscou, que ganhou poder temporal e teológico quando, no século 15, Constantinopla caiu nas mãos dos otomanos e se viu islamizada. Os cristãos da atual Turquia estão hoje reduzidos naquele país a uma minoria inferior a 2% da população.


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