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Após eleições, Chávez volta à carga contra a oposição
Derrotado nos grandes centros urbanos em pleito regional, venezuelano ameaça adversários
Globovisión teme sair do ar na segunda por processo do presidente; prefeito eleito de Maracaibo, Rosales é confrontado com prisão
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Menos de uma semana depois das eleições regionais e
ainda sem tomar posse, governadores e prefeitos oposicionistas enfrentam uma onda de
críticas, protestos e ameaças do
presidente Hugo Chávez e seus
seguidores. A reação governista
inclui ainda a abertura de uma
investigação contra a TV Globovisión, que teme ser tirada
do ar na segunda-feira.
"Foi ativado um pré-cenário
de violência, estou consciente
disso. O governo de Miranda
[região metropolitana de Caracas], o governo distrital e Sucre
[município da capital], tenham
a certeza de que são da extrema
direita fascista", disse Chávez
anteontem à noite, durante
contato telefônico com um
programa da estatal VTV.
Em Miranda, o governador
eleito, Henrique Capriles Radonski, foi alvo de uma marcha
convocada por meios de comunicação estatais e lideranças regionais chavistas para protestar contra a suposta perseguição do opositor aos programas
sociais do governo nacional.
O governista PSUV (Partido
Socialista Unido da Venezuela)
publicou um artigo nos jornais
venezuelanos ontem intitulado
"O fascismo em Miranda não
passará!", em que repete as críticas a Capriles Radonski, que
derrotou Diosdado Cabello,
atual governador e um dos homens-fortes do chavismo.
"Não tomei posse ainda. Fui
proclamado ontem [anteontem]", se defendeu Radonski,
em entrevista à rádio local.
Mantendo a linha adotada na
campanha, ele preferiu não responder diretamente a Chávez.
No distrito de Caracas, hoje
governada pelo chavismo, o
opositor eleito Antonio Ledezma corre o risco de ficar sem o
controle da TV local, Ávila. Anteontem, um dos seus diretores, Ociel López, disse que o canal já está sendo transferido ao
Ministério das Comunicações.
"[Ledezma] tem uma equipe
que vai transformar isso no que
é a Globovisión. É algo que não
podemos permitir", disse o presidente da emissora, segundo o
jornal "El Universal".
No Estado de Táchira (fronteira com a Colômbia), onde a
oposição surpreendeu ao eleger César Pérez Vivas, a deputada federal chavista Iris Varela
prometeu anteontem "asfixiar"
o seu futuro governo.
"Nós estamos dispostos a paralisar Táchira, a afogar e a asfixiar este governo, este governadorzinho e todo o seu séquito
de fascistas", disse Varela.
Outro alvo é o atual governador de Zulia e prefeito eleito de
Maracaibo (segunda maior cidade), Manuel Rosales. Ontem,
ele compareceu ao Congresso,
controlado pelos chavistas, para responder sobre seu suposto
enriquecimento ilícito.
"Logo teremos uma nova
eleição em Maracaibo, já que o
atual prefeito eleito deve ser
preso daqui a pouco", disse anteontem o prefeito eleito de Libertador (município de Caracas), Jorge Rodríguez (PSUV).
Já o canal oposicionista Globovisión é alvo de uma investigação aberta a pedido de Chávez por supostamente antecipar o resultado das eleições para o governo de Carabobo, vencido pela oposição.
O diretor do canal, Alberto
Federico Ravell, negou a acusação e disse que a emissora corre
o risco de sair do ar já nesta segunda. "Vocês nos farão falta,
mas nós também vamos fazer
falta para vocês", afirmou, dirigindo-se aos telespectadores.
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