São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Após eleições, Chávez volta à carga contra a oposição

Derrotado nos grandes centros urbanos em pleito regional, venezuelano ameaça adversários

Globovisión teme sair do ar na segunda por processo do presidente; prefeito eleito de Maracaibo, Rosales é confrontado com prisão

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Menos de uma semana depois das eleições regionais e ainda sem tomar posse, governadores e prefeitos oposicionistas enfrentam uma onda de críticas, protestos e ameaças do presidente Hugo Chávez e seus seguidores. A reação governista inclui ainda a abertura de uma investigação contra a TV Globovisión, que teme ser tirada do ar na segunda-feira.
"Foi ativado um pré-cenário de violência, estou consciente disso. O governo de Miranda [região metropolitana de Caracas], o governo distrital e Sucre [município da capital], tenham a certeza de que são da extrema direita fascista", disse Chávez anteontem à noite, durante contato telefônico com um programa da estatal VTV.
Em Miranda, o governador eleito, Henrique Capriles Radonski, foi alvo de uma marcha convocada por meios de comunicação estatais e lideranças regionais chavistas para protestar contra a suposta perseguição do opositor aos programas sociais do governo nacional.
O governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) publicou um artigo nos jornais venezuelanos ontem intitulado "O fascismo em Miranda não passará!", em que repete as críticas a Capriles Radonski, que derrotou Diosdado Cabello, atual governador e um dos homens-fortes do chavismo.
"Não tomei posse ainda. Fui proclamado ontem [anteontem]", se defendeu Radonski, em entrevista à rádio local. Mantendo a linha adotada na campanha, ele preferiu não responder diretamente a Chávez.
No distrito de Caracas, hoje governada pelo chavismo, o opositor eleito Antonio Ledezma corre o risco de ficar sem o controle da TV local, Ávila. Anteontem, um dos seus diretores, Ociel López, disse que o canal já está sendo transferido ao Ministério das Comunicações.
"[Ledezma] tem uma equipe que vai transformar isso no que é a Globovisión. É algo que não podemos permitir", disse o presidente da emissora, segundo o jornal "El Universal".
No Estado de Táchira (fronteira com a Colômbia), onde a oposição surpreendeu ao eleger César Pérez Vivas, a deputada federal chavista Iris Varela prometeu anteontem "asfixiar" o seu futuro governo.
"Nós estamos dispostos a paralisar Táchira, a afogar e a asfixiar este governo, este governadorzinho e todo o seu séquito de fascistas", disse Varela.
Outro alvo é o atual governador de Zulia e prefeito eleito de Maracaibo (segunda maior cidade), Manuel Rosales. Ontem, ele compareceu ao Congresso, controlado pelos chavistas, para responder sobre seu suposto enriquecimento ilícito.
"Logo teremos uma nova eleição em Maracaibo, já que o atual prefeito eleito deve ser preso daqui a pouco", disse anteontem o prefeito eleito de Libertador (município de Caracas), Jorge Rodríguez (PSUV).
Já o canal oposicionista Globovisión é alvo de uma investigação aberta a pedido de Chávez por supostamente antecipar o resultado das eleições para o governo de Carabobo, vencido pela oposição.
O diretor do canal, Alberto Federico Ravell, negou a acusação e disse que a emissora corre o risco de sair do ar já nesta segunda. "Vocês nos farão falta, mas nós também vamos fazer falta para vocês", afirmou, dirigindo-se aos telespectadores.


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