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EUA investigaram até a ONU, diz WikiLeaks
Os 250 mil papéis revelados pelo site, entre 1966 e 2010, mostram que Washington vigiou o secretário-geral, Ban Ki-moon
Documentos de teor confidencial também mostram que países árabes tramaram ataque contra o Irã
DE SÃO PAULO
Cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA, divulgados
ontem pelo site WikiLeaks,
escancaram a política externa do país entre dezembro de
1966 e fevereiro deste ano.
Espionagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
ataque aéreo contra o Irã por
países árabes, elo entre o governo russo e o crime organizado e dúvida sobre a saúde
mental da presidente argentina Cristina Kirchner estão
entre as revelações.
Com 15.365 telegramas, o
Iraque é o país mais citado.
Franqueados a um pool de
mídia impressa -"New York
Times" (EUA), "Guardian"
(Reino Unido), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França) e "Der Spiegel" (Alemanha)-, os documentos também mostram como as embaixadas americanas foram
usadas como parte de uma
rede de espionagem global.
Agentes consulares de
Washington ao redor do
mundo foram encorajados a
coletar informações confidenciais e pessoais, inclusive
de países aliados, como números de cartões de crédito,
dados biométricos e de DNA.
O site disse que seu servidor esteve sob ataque antes
da divulgação dos dados.
IRÃ E FOGO AMIGO
Segundo os documentos,
o secretário da Defesa dos
EUA, Robert Gates, acredita
que qualquer ataque militar
ao Irã apenas adiará em três
anos a obtenção, por Teerã,
da bomba nuclear.
A filtragem dos documentos também revela que a ex-primeira dama dos EUA, Hillary Clinton, teve suas atividades monitoradas desde
que se tornou secretária de
Estado do governo Obama.
Mas há informações picantes, como a descrição das
"festas selvagens" comandadas pelo premiê italiano, Silvio Berlusconi. Os relatos
também mostram a profunda
desconfiança que ele inspira
em Washington.
Os EUA também se esforçaram para isolar diplomaticamente o presidente venezuelano, Hugo Chávez, do
resto da América Latina.
REAÇÃO DOS EUA
Em comunicado, o Departamento de Defesa dos EUA
condenou "a revelação imprudente de informações obtidas de modo ilegal".
Segundo seu porta-voz,
Bryan Whitman, o departamento tomará medidas para
evitar que isso ocorra novamente, como impedir a transferência de dados armazenados nos computadores para
CD-ROMs ou memórias USB.
Mas o vazamento desses
informes e seu potencial de
estrago devem modificar o
modo como se darão as relações diplomáticas entre os
países.
Os EUA, que foram notificados do teor dos documentos antes de sua divulgação,
contataram antecipadamente vários países, de modo a
tentar limitar os danos. Entre
eles, estavam vários da Europa e do Oriente Médio.
O vazamento de ontem
constitui a terceira leva de
documentos secretos dos
EUA divulgados pelo WikiLeaks neste ano.
São 251.288 documentos
enviados por 274 embaixadas. Destes, 145.451 tratam
de política externa, 122.896,
de assuntos internos dos governos, 55.211, de direitos humanos, 49.044, de condições
econômicas, 28.801, de terrorismo e 6.532, do Conselho de
Segurança da ONU.
Em junho, o site franqueara 90 mil informes militares
sobre o Iraque e, em outubro,
centenas de milhares sobre a
guerra no Afeganistão. O
Pentágono suspeita que
quem está por trás dos vazamentos é o analista de inteligência Bradley Manning, 22.
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