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Rivais querem cancelar eleição no Haiti
Doze dos 18 candidatos à Presidência do país se unem para denunciar "massiva fraude" na votação de ontem
"Temos de esperar para ver como a comunidade internacional vai se comportar", diz político ligado com Aristide
Ramon Espinosa/Associated Press
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Militantes de partidos rivais brigam diante de seção eleitoral de Porto Príncipe, ontem, dia de eleições gerais no país
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL
PORTO PRÍNCIPE (HAITI)
Os principais candidatos
oposicionistas à Presidência
do Haiti se uniram para pedir
o cancelamento das eleições
gerais de ontem, alegando
que a gestão René Préval preparou "massiva fraude" para
favorecer Jude Célestin, o governista na contenda.
A ex-primeira-dama Mirlande Manigat e o cantor popular Michel Martelly -os
opositores que estão, ao lado
de Célestin, entre os três mais
bem posicionados na disputa- integraram declaração
pública de 12 dos 18 candidatos no hotel Karibe.
Horas depois, Martelly liderou uma marcha pelas
ruas de Porto Príncipe pedindo "respeito" ao voto ao lado
de outra celebridade musical
haitiana, o rapper Wycleaf
Jean, radicado nos EUA.
Jean foi proibido de concorrer à Presidência, mas é o
ídolo da maioria dos jovens
haitianos, metade da população do país. Não havia previsão oficial de quantos participaram do protesto.
A Minustah, a força de estabilização da ONU cujo braço militar está sob comando
brasileiro, iniciara o dia dizendo que a jornada eleitoral
transcorria sem problemas.
A missão, principal fiadora da votação, a primeira
após o devastador terremoto
de janeiro, não se pronunciou após a contestação.
A Organização dos Estados Americanos, que ajudou
na organização do pleito ao
lado da caribenha Caricom,
também não se pronunciou.
"O realismo fantástico é pouco para dar conta da política
haitiana", limitou-se a dizer
Ricardo Seitenfus, representante da OEA para o Haiti.
Ainda se esperava para ontem um pronunciamento final do CPE (Comissão Provisória Eleitoral).
Ao menos um centro de
votação foi saqueado em Porto Príncipe. E um rapaz teria
sido assasinato em Artibonite (centro), segundo uma rádio local. A Minustah não
confirmou a morte.
O problema mais comum
reportado era a ausência de
eleitores na lista de votação.
Foi o caso de Ricardo Barron, 30, que deveria votar no
Liceu Jacques 1º (oeste de
Porto Príncipe). "Onde está
meu nome? Quero votar em
Michel Martelly", disse.
Outras pessoas reclamavam do mesmo problema no
local e ao menos uma urna
foi paralisada por suspeita de
fraude. Os mesários exibiam
cédulas marcadas encontradas entre as ainda a utilizar.
Na avaliação brasileira, o
processo haitiano entra agora em compasso de espera,
aguardando o desenrolar da
lenta dinâmica de apuração.
A turbulenta democracia
haitiana tem largo histórico
de contestação eleitoral. Segundo analistas locais, o
efeito depende da capacidade de convocatória popular
de quem protesta.
"Martelly está jogando sua
melhor carta agora. Ele é um
homem forte em Porto Príncipe", diz o jornalista e analista
político, Édouard Ernest.
Nas ruas da capital, apoiadores de Martelly cantavam
com camisetas da campanha
e prometiam resistir caso o
candidato, em terceiro lugar
nas pesquisas, não fosse considerado ganhador.
Outro fator decisivo será a
movimentação da até então
favorita, a conservadora Manigat. Embora tenha se unido
ao protesto oposicionista,
havia dúvida se, à vista dos
resultados, ela desistiria de
disputar um segundo turno
com o governista Célestin.
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