|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ONU espera resultado para negociar saída
DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE
"Acabou o tempo da Minustah", diz o estudante universitário Hans Toussaint,
24, em referência à missão de
estabilização da ONU no
país. "Os haitianos têm de tomar conta de si mesmos."
Minutos depois, Toussaint, cuja família é dona de
uma pequena lojinha de serviços de escritório, pondera.
Explica que não quer que
as forças militares, comandadas pelo Brasil, deixem o país
de imediato. Para o rapaz,
elas precisam primeiro terminar de formar as forças de segurança haitianas.
O mesmo argumento é repetido pelos moradores de
um campo de desabrigados
no oeste de Porto Príncipe.
Jean Louis Alexandre, 40, diz
que lidar com os capacetes
azuis da ONU não é o mesmo
que ter um exército haitiano.
"Nós somos negros, eles
são brancos", começa. "Até
os negros do Brasil são brancos aqui", provoca o torcedor
da seleção brasileira.
Ele comenta ter ouvido falar que foi a Minustah que
trouxe a cólera para o país.
"Mas não vi com meus olhos,
então não posso dizer."
A Minustah está no Haiti
desde 2004, após a queda de
Jean Bertrand Aristide, cumprindo mandato do Conselho
de Segurança da ONU.
No que sinaliza algum desgaste da presença estrangeira no país, todos os candidatos fizeram discursos, com
diferentes gradações críticas,
para atacar a presença indefinida -formalmente renovada ano a ano- da missão.
Além da área de segurança, o Estado haitiano também depende financeiramente do estrangeiro (70%
do orçamento). Para analistas como o haitiano Robert
Fatton Jr., o próximo presidente do país seguirá sendo
espécie de "refém" da comunidade internacional.
O general brasileiro Paul
Cruz, comandante do braço
militar da Minustah, afirma
que seria positivo uma negociação com o novo governo
para acertar metas para a saída da missão. Deixar o país é
ter êxito, ele diz.
Na prática, porém, anda a
passos lentos o "fortalecimento das instituições haitianas", uma das metas da
Minustah. Já há efetivo da
Polícia Nacional Haitiana
(PNH) nas ruas, mas a precariedade ainda é a tônica.
Uma delegacia da PNH em
La Saline, recentemente
transferida pela ONU ao governo haitiano, ainda tem todo o aspecto de uma casa
abandonada, por exemplo.
Cruz também aproveita
para rebater as acusações de
que foram seus homens do
Nepal que trouxeram a cólera. Diz que fizeram todos os
estudos e nada se confirmou,
ainda que a investigação não
tenha "100% de confiabilidade". "Descobrir a fonte é importante, mas ninguém é culpado de estar gripado. O doente é vítima", afirma o comandante.
(FM)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Votação no Egito é marcada por alta abstenção e violência Índice | Comunicar Erros
|