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NOVO CENÁRIO 2
Ex-diretor de Operações do Exército admite "responsabilidade intelectual" por eventuais crimes cometidos
General assume a "culpa' por Pinochet
do enviado a Santiago
Um dos principais responsáveis
pelo Exército chileno durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90) assumiu ontem a
"responsabilidade intelectual" por
eventuais crimes cometidos no período e se ofereceu para comparecer ante a Justiça.
Trata-se do general da reserva
Eugenio Videla, que, como diretor
de Operações do Exército, determinava grande parte das ações.
"Temos a responsabilidade intelectual dos fatos que possam ter
ocorrido por parte de nossos subordinados", disse o general ao
jornal "La Tercera". E completou:
"Éramos nós que mandávamos no
Exército e tínhamos uma grande
liberdade de ação para resolver".
Videla se disse disposto a apresentar-se ao juiz Juan Guzmán,
que centraliza as demandas apresentadas contra Pinochet por violações aos direitos humanos.
É possível que Videla não esteja
isolado nessa posição: Eduardo
Arévalo, ex-diretor do Círculo de
Amigos do Exército, informou anteontem à TV chilena que há cerca
de 300 oficiais igualmente dispostos a apresentar-se ao juiz.
Mas o telejornal que ouviu Arévalo informou, igualmente, que
vários oficiais da reserva consultados (os nomes não foram mencionados) negaram tal iniciativa.
Difícil é saber se a atitude de Videla (e, eventualmente, de outros
oficiais da reserva) é a primeira
aceitação concreta de que houve
violações aos direitos humanos ou
se trata de mera ação diversionista
para poupar Pinochet.
Duas frases do general Videla
dão a entender que a segunda hipótese pode ser a correta:
1) "Não é justo que o general Pinochet esteja assumindo sozinho e
nós estejamos em nossas casas e
escritórios, se somos mais responsáveis que ele".
2) Mas Videla acrescenta que não
revelaria ao juiz Guzmán "assuntos do serviço" ou em que esteve
envolvido por seu posto. Admite
ter "grande quantidade de informações", mas não poderia repassá-las ao juiz, "porque são reservadas ou secretas".
Cabe ainda uma terceira hipótese: a de que os oficiais mais graduados estejam emitindo mensagem a seus inquietos ex-subordinados, que foram os mais diretamente envolvidos na repressão e
por isso mesmo enfrentam maiores problemas legais.
"Muita gente dos serviços de segurança se sente perseguida, outros estão loucos, outros estão com
psiquiatras, outros destruíram
seus matrimônios. Esse foi o custo
que teve que pagar essa gente por
cumprir uma função que alguém
tinha de assumir", disse o general
Eugênio Videla.
(CLÓVIS ROSSI)
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