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Chanceler defende libertação
O ministro britânico Jack Straw
do enviado especial
O chanceler chileno, José Miguel Insulza, tem dito a seus amigos que está cumprindo a missão
mais estranha de sua vida: defender o homem que o forçou a pedir asilo ao México, país em que
passou 14 dos seus 55 anos.
Insulza, veterano militante do
PS (Partido Socialista), está defendendo o general Augusto Pinochet Ugarte, líder do golpe
que depôs o presidente, também
socialista, Salvador Allende, e
forçou o hoje chanceler ao exílio.
Mas Insulza faz questão de esclarecer que não defende Pinochet e, sim, a posição do governo
de que faz parte. Posição consubstanciada no argumento de
que não cabe a um país estrangeiro julgar um cidadão chileno
por crimes cometidos no Chile.
Mas acaba sendo tão difícil fazer essa sutil distinção que o
chanceler tem sido o alvo preferido das críticas de seus companheiros socialistas, a ponto de ter
sido chamado de "traidor" por
um jovem militante do partido,
ao deixar uma das reuniões em
que se discutia a crise Pinochet.
Pior: os partidos pinochetistas
tampouco aplaudem as suas gestões. Até fizeram o possível para
diminuí-lo, com a campanha para que a missão que o chanceler
está cumprindo na Europa fosse
acompanhada por uma "comissão de alto nível", que incluísse
representantes de todos os partidos e personalidade do país, como o presidente da Corte Suprema e até o ex-presidente Patrício
Aylwin, o democrata-cristão que
sucedeu a Pinochet em 90.
Insulza regressou do exílio dois
anos antes da posse de Aylwin,
ainda em tempo de participar da
campanha do "não" no plebiscito de 1988, no qual se decidia se o
mandato de Pinochet seria ou
não prorrogado. O "não" ganhou, Pinochet deixou o governo, mas Insulza só passou ao ministério com o segundo presidente eleito democraticamente,
Eduardo Frei.
Forçado pelo cargo a uma certa
discrição em relação ao caso Pinochet, nem assim Insulza ocultou do público o desejo de que o
general receba ao menos uma
punição: a retirada da vida pública, embora voluntária, mesmo que seja devolvido ao Chile
(Pinochet é senador).
(CR)
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