São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Ele se explodiu em ônibus a 15 metros da casa de Sharon; Al Aqsa reivindica a ação, a mais violenta em 4 meses

Suicida palestino mata 10 em Jerusalém

DA REDAÇÃO

Um homem-bomba palestino se explodiu em um ônibus em Jerusalém, matando dez pessoas e ferindo pelo menos 50 -dez estavam em estado grave. A ação foi a mais sangrenta em quase quatro meses e ocorreu a 15 metros da residência oficial do premiê israelense, Ariel Sharon. Ele não estava no local na hora do ataque.
O atentado foi reivindicado pelo grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao Fatah, grupo político do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat.
Em resposta ao atentado, Sharon e o chanceler de Israel, Silvan Shalom, cancelaram uma reunião para discutir a redução das restrições aos palestinos. Em comunicado conjunto, os dois afirmaram que não é momento de discutir esse tema quando "israelenses são assassinados nas ruas".
Já o ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, disse que, por enquanto, não serão impostas novas restrições aos palestinos. Segundo ele, Israel está com uma política de distinção entre terroristas e civis. O foco das ações são as organizações terroristas, disse.
A declaração foi dada após reunião com a missão americana para a região comandada pelo enviado especial John Wolf, que, devido à escalada de violência -anteontem Israel matou nove palestinos em combate na faixa de Gaza-, começa a ver mais uma vez o fracasso da tentativa de levar israelenses e palestinos de volta à mesa de negociação.
Raanan Gissin, porta-voz de Sharon, afirmou que o atentado ressalta a necessidade da barreira que Israel está construindo para separar o país da Cisjordânia. Segundo os israelenses, a barreira impedirá a entrada de terroristas palestinos no país para cometerem atentados. Os palestinos dizem que a separação visa incorporar áreas palestinas a Israel.
Os EUA condenaram o atentado. "Foi um ataque terrorista terrível", disse a jornalistas o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "Esses ataques apenas servem para minar as aspirações e esperanças do povo palestino" ao colocar em risco a criação de um Estado palestino.

Palestinos
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) também condenou o atentado, mas fez questão de denunciar a morte de palestinos na faixa de Gaza anteontem. O premiê palestino, Ahmed Korei, pediu que "todas as partes parem com essa série sangrenta de violência", declarem um cessar-fogo e retomem as negociações.
Abdel Aziz Rantissi, um dos principais líderes do grupo terrorista Hamas, saudou o atentado. "Não é importante quem realizou a operação. A única coisa que é muito importante é que nós estamos resistindo contra os que querem ocupar nossas terras e matar nosso povo." Na ação israelense na faixa de Gaza, um dos mortos era do Hamas e cinco do grupo terrorista Jihad Islâmico.

Corpos espalhados
Partes de corpos dos mortos voaram para as casas na rua onde ocorreu o ataque. Sobreviventes feridos gritavam por ajuda e tentavam sair pelas janelas quebradas. Um pedaço do teto do ônibus foi parar no telhado de um prédio de dois andares. Testemunhas disseram que o local do ataque estava com um forte cheiro de fumaça e sangue.
O terrorista levava 7 kg de explosivos presos a seu corpo, segundo a polícia israelense.
Ele se explodiu ao redor das 9h, minutos após embarcar, quando o ônibus número 19 estava a 15 metros da residência de Sharon, no distrito de Rehavia, no centro de Jerusalém.
Bret Stephens, editor-chefe do diário israelense "The Jerusalem Post", estava perto do local quando houve o atentado. "Havia vidro por todos os lados, restos de pessoas, sapatos", disse.


Com agências internacionais


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