São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

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Grupo é refém por 28 horas em assalto na Venezuela

Ladrões são capturados após fugirem em ambulância com seis dos seqüestrados

Ação, transmitida pelas TVs, foi em cidade do interior; de acordo com pesquisas, insegurança é principal problema venezuelano

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Um assalto a banco deixou mais de 30 pessoas seqüestradas por cerca de 28 horas na cidade venezuelana de Altagracia de Orituco, 170 km a sudeste de Caracas. Após um acordo feito com o governador do Estado de Guárico, Eduardo Manuitt, os quatro assaltantes escaparam numa ambulância com cinco reféns. Cerca de duas horas depois, foram capturados e libertaram os últimos seqüestrados.
O seqüestro começou por volta das 10h locais de anteontem, quando a agência do banco BBVA Provincial, de capital espanhol, foi invadida pelos bandidos. Um vigia do banco conseguiu escapar -um dos assaltantes disparou contra ele, mas não o atingiu. Depois, a polícia cercou o local, iniciando o impasse que duraria várias horas.
Entre os reféns, estava um bebê de apenas 15 dias e pelo menos outras três crianças, além de uma mulher grávida, segundo a polícia local.
Ao longo do impasse, sete pessoas foram soltas, mas as crianças permaneceram detidas até a libertação em massa, às 14h45 locais (2h30 a menos que Brasília). "Se soltamos as crianças, nos matam", disse um dos seqüestradores à rádio colombiana Caracol. Ele prometeu explodir uma granada caso tentassem uma invasão.
Ambulâncias levaram os ex-reféns a hospitais. Alguns estavam desidratados, mas não havia informações sobre feridos graves. Um porta-voz do banco disse que havia 34 seqüestrados, mas o governador Manuitt afirmou que havia mais de 50.

Fuga
"Eles ameaçaram começar a matar os reféns dentro de 20 minutos, e por isso tiveram a autorização de sair", disse Manuitt, para justificar o acordo para a fuga dos os assaltantes.
Os bandidos saíram do local em uma ambulância levando seis reféns que se voluntariaram. Cerca de duas horas depois, o veículo foi interceptado pela polícia, a cerca de 50 km de Caracas. Os ladrões libertaram os reféns e se entregaram. Segundo o governador, não houve disparos. O dinheiro roubado foi recuperado.
Além de Manuitt, o ministro do Interior da Venezuela, Ramón Rodríguez Chacín, participou pessoalmente da negociação. O impasse foi acompanhado ao vivo pelas TVs do país.
Apesar do clima de insegurança em que vive a Venezuela, foi o primeiro caso do gênero em Altagracia de Orituco, cidade de cerca de 40 mil habitantes com vocação agrícola.
A criminalidade é o principal problema da Venezuela, segundo institutos de opinião. Pesquisa do instituto Datanálisis publicada neste mês diz que a insegurança é a maior preocupação para 52,7% dos entrevistados. Em segundo, vem o desemprego (16,7%). Um dos crimes que mais crescem é o seqüestro (alta de 48,6% em 2007 em relação a 2006). Proporcionalmente à população, a Venezuela ultrapassou a Colômbia em ocorrências desse crime.


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