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Presidente italiano pede "pausa" para refletir
Impasse após a renúncia de Prodi se aprofunda
DA REDAÇÃO
Congelou-se ontem na Itália
o roteiro de uma queda-de-braço entre, de um lado, o ex-primeiro-ministro conservador
Silvio Berlusconi, que defende
eleições legislativas antecipadas, e, de outro, grupos de centro-esquerda -em que se enquadra o presidente Giorgio
Napolitano- que querem eleições em junho ou até no ano
que vem, para permitir uma reforma na legislação eleitoral.
O presidente italiano anunciou à noite que faria uma "pausa para a reflexão" sobre essas
alternativas irreconciliáveis.
Napolitano, originário do
Partido Comunista, hoje fundido com três outras formações
no Partido Democrático, concluiu quatro dias de consultas a
lideranças políticas. Caso não
dissolva a Câmara e o Senado,
pedirá que uma personalidade
relativamente neutra chefie
um governo interino.
Eram ontem apontados, como prováveis preferências do
presidente para encabeçar esse
gabinete, o presidente do Senado, Franco Marini, ou o então
atual ministro do Interior, Giuliano Amato, que já foi por duas
vezes primeiro-ministro na recente história italiana.
O premiê Romano Prodi caiu
na última quinta-feira, quando
o Senado não votou uma moção
de confiança a seu governo. A
crise foi desencadeada pela demissão do ministro da Justiça,
Clemente Mastella, que se retirou da frágil coalizão de nove
partidos que deu a Prodi uma
apertada vitória há 20 meses.
Walter Veltroni, prefeito de
Roma e dirigente do Partido
Democrático, disse ontem ao
presidente Napolitano que o
ideal seria adiar a eleição até
2009 para que o país partisse
para uma reforma institucional
-redução das cadeiras no Parlamento, mais poderes ao premiê-, ao lado de uma lei eleitoral que desse aos governantes
uma maioria mais estável na
Câmara e no Senado.
"Eleições agora seriam instabilidade no futuro", disse o prefeito de Roma.
Lei eleitoral
A atual lei, aprovada quando
Berlusconi chefiava o governo
(2001-2006), amplifica a representatividade dos pequenos
partidos e, em razão do voto
distrital, dá ao Senado uma
maioria sempre apertada ao governo, em contraste com maioria mais folgada na Câmara.
Berlusconi, que também foi
recebido por Napolitano, voltaria a ser premiê caso as eleições
ocorressem agora. As pesquisas
dão a sua coligação conservadora uma vantagem de 10 a 12
pontos sobre os adversários.
Nos últimos dias, Berlusconi
tem usado uma retórica agressiva e chegou a evocar uma
"marcha sobre Roma", caso o
atual Parlamento não seja dissolvido. A esquerda o criticou
duramente por essa analogia ao
ditador fascista Benito Mussolini, que por meio de uma "marcha" pôs fim a uma crise em
1922 e se instalou no poder.
Curiosamente, a mais influente entidade patronal, a
Confindustria, não quer eleições imediatas que permitam a
Berlusconi voltar ao poder.
Há o temor de que o ex-premiê comprometa o ajuste fiscal
promovido por Prodi, o que colocaria em xeque e inutilizaria
o período de sacrifícios depois
do qual empresários e sindicatos esperam melhores taxas de
crescimento econômico.
Os sindicatos também são
contra eleições antecipadas.
Com agências internacionais
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