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Iraque veta licença, e mercenários da Blackwater têm que deixar país
TIMOTHY WILLIAMS
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ
A Blackwater Worldwide,
empresa de segurança cujos
guardas mataram 17 civis em
uma movimentada rua de Bagdá em 2007, não receberá licença do governo iraquiano para operar no país. Com a decisão, os diplomatas americanos
no Iraque, que usam seguranças particulares, terão de buscar outras formas de proteção.
Não se sabe quando a Blackwater terá de deixar o Iraque,
mas é provável que ela continue em operação até pelo menos o segundo trimestre, quando um comitê conjunto dos governos de Iraque e EUA deve
apresentar propostas de regras
para as empresas privadas que
operam em território iraquiano, informaram as autoridades.
Bagdá já havia tentado expulsar a Blackwater anteriormente, mas os funcionários americanos que trabalham no país e
dependem dos seguranças pesadamente armados disseram
não ter alternativa a manter o
contrato com a empresa.
Ao contrário de muitas das
demais firmas que prestam serviços de segurança no Iraque, a
Blackwater vinha operando
sem licença do governo iraquiano, embora tivesse solicitado uma recentemente.
"Eles apresentaram seu pedido e nós o rejeitamos", disse
Alaa al Taia, funcionário do Ministério do Interior iraquiano.
"Não há mais necessidade de
renovar seu contrato porque
nossas forças de segurança são
capazes de realizar as missões
que a empresa conduzia. O retrospecto dessa empresa tem
muitas máculas, especificamente o envolvimento na morte de número tão alto de civis."
Uma funcionária da Embaixada dos EUA em Bagdá disse
que a decisão estava sendo estudada. As empresas de segurança que operam no Iraque
perderam sua imunidade contra processos em tribunais iraquianos em 31 de dezembro,
como parte de um acordo assinado por EUA e Iraque para
permitir a permanência das
tropas americanas no país.
A questão da imunidade era
prioridade para o governo iraquiano desde o 16 de setembro
de 2007, quando seguranças da
Blackwater que cruzavam a
praça Nisoor, em Bagdá, em um
comboio de veículos, abriram
fogo contra civis, aparentemente por acreditarem que tinham sido alvo de tiros.
No mês passado, cinco seguranças foram acusados de homicídio culposo nos EUA e alegam inocência. Outro segurança colabora com a acusação.
Anne Tyrrell, porta-voz da
Blackwater, declarou ontem
que a empresa ainda não foi notificada. "Se proceder, respeitaremos as leis do Iraque e seguiremos as instruções de nossos
clientes no governo americano,
para cumprirmos os contratos
e as regras iraquianas."
Mais tarde, o presidente da
Blackwater, Gary Jackson, disse à Associated Press que, assim que a empresa receber ordem para deixar o Iraque, ela
removerá seus cerca de mil empregados em 72 horas.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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