São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 2010

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Obama confronta republicanos em debate

Presidente trava áspero duelo com congressistas adversários, com economia e reforma do sistema de saúde na berlinda

Democrata ouve queixas e refuta críticas de que não teria considerado propostas dos rivais em alguns de seus principais projetos de lei

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, se engajou ontem num atípico debate de defesa de seu primeiro ano de governo em encontro com representantes (deputados) republicanos em Baltimore. A deferência inicial da presença do presidente em um evento da oposição rapidamente deu lugar a uma acirrada troca de declarações e acusações envolvendo a política econômica do governo e a reforma do sistema de saúde proposta pela Casa Branca.
Um dos exemplos foi a pergunta do republicano Jeb Hensarling. "O novo Orçamento, como o antigo, vai triplicar o deficit e continuar a nos levar no caminho de aumento dos custos do governo para cerca de 25% da nossa economia? Essa é a pergunta, senhor presidente." Obama respondeu que a pergunta em si já trazia uma estrutura de disputa eleitoral.
Desde que o Partido Democrata perdeu há duas semanas a supermaioria no Senado ao ser derrotado em uma disputa extraordinária em Massachusetts, Obama passou a pregar o diálogo com a oposição. No Estado da União, o discurso mais importante do calendário americano, na quarta, Obama prometeu manter conversas com a oposição para viabilizar uma agenda comum mesmo num ano de eleições legislativas.
Ontem, num encontro de cerca de uma hora e meia, Obama ouviu queixas e refutou críticas de que não teria considerado propostas republicanas em alguns de seus principais projetos de lei. O presidente acusou a oposição de retratar o projeto de reforma da saúde, que tem como principal meta a universalização da cobertura, como um "plano bolchevique".
Ele ressaltou as dificuldades de se chegar a uma discussão de projetos sem diferenças partidárias. "Para muitos de vocês, se votam com o governo em alguma coisa, se tornam vulneráveis politicamente em sua própria base, porque o que vocês vêm dizendo a seus eleitores é "esse cara está fazendo todo o tipo de coisa maluca e está destruindo os EUA", disse.
Para o republicano Jeff Flake, do Arizona, o evento de ontem ajudou a oposição ao mostrar que o partido tinha propostas alternativas aos planos de Obama. "O esforço real aqui era convencer a população de que nós oferecemos soluções. Ele [o presidente] dizer "sim, eu recebi sua proposta, é uma proposta substancial" é uma grande coisa para os republicanos."
Um dos momentos mais tensos foi quando o republicano Jason Chaffetz acusou Obama de quebrar promessas de transparência nas discussões sobre a reforma da saúde e de relacionamento com lobistas.
Obama afirmou que o processo de discussão do projeto da reforma da saúde foi confuso, mas se defendeu da acusação de ter mantido lobistas em cargos no governo.


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