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Morte de líder do Hamas ameaça trégua
Corpo de comandante militar é achado com sinais de choques elétricos e enforcamento; grupo palestino acusa Israel, que não se manifesta
Episódio é mantido em sigilo durante nove dias, segundo autoridades de Dubai, para permitir que suspeitos fossem rastreados
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O funeral de um dos principais comandantes militares do
grupo extremista palestino Hamas mobilizou milhares de
pessoas ontem em Damasco,
capital da Síria, em meio a promessas de vingança e ameaças à
frágil trégua não oficial mantida no último ano com Israel.
Mahmoud al Mabhouh foi
encontrado morto no último
dia 20 em um quarto de hotel
em Dubai, com sinais de choques elétricos e enforcamento.
Os líderes do Hamas imediatamente acusaram Israel, que
não comentou o caso.
Após investigação preliminar, o governo de Dubai informou que foram identificados
vários suspeitos, "a maioria
portadores de passaporte europeu". Segundo as autoridades
do emirado árabe, há indícios
de que Al Mabhouh, 50, tenha
sido assassinado por "uma gangue criminosa profissional".
Um dos fundadores das Brigadas Izzedin al Qassam, braço
armado do Hamas, Al Mabhouh é apontado como o cérebro de vários ataques contra Israel, entre eles o sequestro e
morte de dois soldados. Morava desde 1989 na capital síria,
onde fica o núcleo principal da
liderança política do Hamas.
"Responsabilizamos o inimigo sionista pelo assassinato criminoso de nosso irmão", disse
o grupo em um comunicado,
prometendo retaliar "no tempo
e momento certos".
Embora o Hamas controle a
faixa de Gaza desde 2007, vários de seus líderes vivem exilados em países da região, principalmente Síria e Líbano. Isso
inclui o principal dirigente político do grupo, Khaled Meshal,
instalado em Damasco.
No funeral de Al Mabhou,
Meshal acusou diretamente Israel pelo atentado e pregou vingança. "Digo aos sionistas: não
comemorem. Vocês o mataram, mas os filhos dele os combaterão", disse ele, que escapou
por pouco de um ataque israelense na Jordânia, em 1997.
Os responsáveis pela investigação não explicaram por que
levou mais de uma semana para
que o assassinato fosse divulgado. Izzat al Rishq, membro do
birô político do Hamas em Damasco, disse que a informação
foi omitida do público para que
os autores do ataque pudessem
ser rastreados.
O governo israelense não fez
nenhum comentário sobre as
acusações do Hamas, como é
praxe nesses casos. No passado,
muitos líderes do Hamas foram
mortos em ações de Israel, entre eles o fundador do grupo,
Ahmed Yassin.
Analistas observaram que Israel não tem interesse em abalar a trégua tácita mantida com
o grupo desde a maciça ofensiva há um ano. "Se tanto os israelenses como a Autoridade
Nacional Palestina reconhecem que o Hamas tem evitado
ataques a Israel, o que se ganharia com uma provocação
dessa?", indagou Marc Lynch,
da revista "Foreign Policy".
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