São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2000


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Filho de líder da seita diz que pai é assassino

HENRI E. CAUVIN
do "The New York Times", em Uganda

O destino de Joseph Kibwetere, um dos líderes da seita Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, segue sendo um quebra-cabeça. Ninguém sabe ao certo se ele estava entre os mortos na capela incendiada no último dia 17 ou se fugiu.
Vivo ou morto, para seu filho mais velho Kibwetere é um assassino. "Sinto pena por essas pessoas que morreram", diz o filho, Juvenar Rugambwa, 36. "Na verdade, odeio o meu pai. Se ele escapou, não hesitaria em matá-lo se o encontrasse."
Rugambwa e sua mãe, Theresa, que teve 16 filhos com Kibwetere em 40 anos de casamento, contam que o homem que conheciam como católico temente mudou após 1989. Nascido em 1932, Kibwetere frequentou um colégio católico. Tornou-se professor e acabou criando sua própria escola.
"Ele era um homem de Deus", diz Matthias Igusha, aluno de Kibwetere nos anos 60. "Dava para dizer isso por suas práticas. Ele ia à igreja e ajudava os doentes."
"Nunca brigamos", lembra sua mulher, também professora: "Ele era um homem pacato". "Crescemos num lar adorável, até ele trazer aquelas pessoas para casa", afirma o filho.
A medida que seguidores da seita passaram a viver na fazenda da família, a tensão cresceu entre os fiéis e os familiares de Kibwetere.
"As pessoas que vieram para cá nos maltratavam, dizendo que a Virgem Maria os havia mandado nos manter sem comida e nos punir", lembra Rugambwa. Então ele reagiu, com ajuda da mãe. Em 92, o culto -e seu líder- partiram para Kanungu. Kibwetere nunca mais voltou, apesar de ter sido chamado pela família.


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