São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

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VATICANO

Dificuldade para engolir leva médicos a discutir a hipótese de usar sonda de alimentação diretamente no estômago

Papa pode ser operado de novo, diz jornal

Dimitar Dilkoff - 28.mar.2005/France Presse
Fiéis exibem desapontamento após saberem que o papa João Paulo 2º não apareceria, anteontem


DA REUTERS

Os médicos que acompanham a deterioração do estado de saúde de João Paulo 2º estudam a possibilidade de uma nova cirurgia para a inserção de uma sonda de alimentação diretamente no estômago. A informação foi dada ontem pelo "Corriere della Sera" e por uma agência italiana.
Ainda não há uma decisão, mas os médicos, segundo o jornal, acreditam que apenas a sonda permitiria que o papa voltasse a se alimentar normalmente e não se debilitasse com a dificuldade que vem tendo de engolir alimentos.
A agência que primeiro divulgou a informação, a Apcom, é tida como respeitável. Não está claro se as "fontes autorizadas" que ela citou são do Vaticano ou da Policlínica Gemelli, onde João Paulo 2º já esteve por duas vezes internado desde o início de fevereiro.
Horas antes, o site do "Corriere" dissera que o papa, de 84 anos, poderia voltar ao hospital nos próximos dias para novo tratamento, na medida em que seu estado teria piorado bem mais do que se admite abertamente.
As dificuldades para engolir derivam da implantação de uma cânula na garganta, feita após a traqueostomia -abertura de um orifício um pouco abaixo do pomo-de-adão para a que ele respirasse com maior facilidade.
O papa sofre de mal de Parkinson e de artrite. Ele não pronuncia nenhuma palavra em público desde 13 de março, quando deixou pela última vez o hospital.
Gianni Pezzoli, presidente da Associação Italiana de Parkinson, disse à agência Reuters que, mesmo com a inserção de uma sonda no estômago, as dificuldades para se alimentar prosseguiriam.
A saúde precária do papa foi sentida pelos católicos como uma sombra que escureceu as comemorações da Semana Santa. Ele deixou de fazer homilias e, pela primeira vez em 27 anos, não participou da celebração da Páscoa.
Embora cardeais próximos do papa insistam que ele permanece lúcido, nada falam sobre as especulações de que seu estado esteja em rápido e sensível declínio.
"As condições [do papa] são menos encorajadoras do que eles [os cardeais] gostariam que elas fossem", disse o "Corriere".
"Precisamos de você, João Paulo 2º, pai de nossa fé", estampou o jornal oficial do Vaticano, "L"Osservatore Romano".
O papa apareceu em público pela última vez no último domingo, dia de Páscoa. Na quarta-feira anterior ele também aparecera na janela, para, em silêncio, abençoar os fiéis na praça São Pedro.
Espera-se que, com esse precedente de quarta-feira passada, uma multidão igualmente numerosa esteja hoje no local.


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