|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Troca de reféns invade eleição na Colômbia
Candidatos presidenciais se dividem sobre eventuais acordos de "intercâmbio humanitário" com guerrilha
DA REDAÇÃO
A liberação unilateral de dois
reféns pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) reavivou no país o debate sobre a "troca humanitária" de sequestrados pela guerrilha por rebeldes presos, a dois
meses da eleição presidencial.
Ao entregarem no domingo a
uma missão humanitária
-com participação das Forças
Armadas brasileiras- o soldado Josué Daniel Calvo, as Farc
afirmaram que essa liberação e
a do sargento Pablo Emilio
Moncayo, prevista para hoje,
serão as últimas solturas unilaterais. Reivindicaram o início
de uma troca dos 20 reféns policiais e militares que ainda
mantêm em seu poder por 500
guerrilheiros presos.
Sobre esse ponto, o movimento Colombianos pela Paz,
da senadora Piedad Córdoba,
mediadora das libertações, informou que enviará hoje cartas
ao presidente Álvaro Uribe, aos
candidatos presidenciais e às
Farc para pressionar pela troca.
Durante seu governo, que
construiu sua alta aprovação a
partir da linha dura contra as
Farc, Uribe se negou a aceitar
condições da guerrilha para esse intercâmbio. Reafirmou sua
opinião anteontem ao dizer
que não permitirá que a liberação de rebeldes "fortaleça a capacidade criminosa" das Farc.
Considerou aceitar esse tipo de
negociação apenas mediante
compromisso de que os libertados abandonem a luta armada.
A discussão, contudo, já divide os candidatos. Líder nas pesquisas, o ex-ministro da Defesa
de Uribe Juan Manuel Santos,
do Partido de la U, se disse contrário a acertos com a guerrilha.
"Que haja liberação unilateral,
mas troca em nenhum caso."
Já a ex-embaixadora Noemí
Sanín, do também governista
Partido Conservador e segunda
colocada nas pesquisas, foi evasiva. Disse apenas confiar no
"bom julgamento que sempre
demonstrou o presidente [Uribe]" e em que se tomem "decisões acertadas".
Oposicionistas como o ex-prefeito de Bogotá Antanas
Mockus, do Partido Verde, se
mostraram mais abertos a
acordos com as Farc. "Um acordo deveria incluir outro que diga "sem mais acordos'", disse.
Para Álvaro Villarraga, da
Fundação Cultura Democrática, o próximo governo terá que
se ocupar desse assunto. "Ademais a agenda humanitária é
mais ampla e envolve refugiados, novos grupos ilegais rearmados, ataques da guerrilha."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Potências querem tirar dos desarmados até estilingue, diz brasileiro Próximo Texto: Coalizão de Berlusconi toma quatro governos da esquerda Índice
|