São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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Troca de reféns invade eleição na Colômbia

Candidatos presidenciais se dividem sobre eventuais acordos de "intercâmbio humanitário" com guerrilha

DA REDAÇÃO

A liberação unilateral de dois reféns pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) reavivou no país o debate sobre a "troca humanitária" de sequestrados pela guerrilha por rebeldes presos, a dois meses da eleição presidencial.
Ao entregarem no domingo a uma missão humanitária -com participação das Forças Armadas brasileiras- o soldado Josué Daniel Calvo, as Farc afirmaram que essa liberação e a do sargento Pablo Emilio Moncayo, prevista para hoje, serão as últimas solturas unilaterais. Reivindicaram o início de uma troca dos 20 reféns policiais e militares que ainda mantêm em seu poder por 500 guerrilheiros presos.
Sobre esse ponto, o movimento Colombianos pela Paz, da senadora Piedad Córdoba, mediadora das libertações, informou que enviará hoje cartas ao presidente Álvaro Uribe, aos candidatos presidenciais e às Farc para pressionar pela troca.
Durante seu governo, que construiu sua alta aprovação a partir da linha dura contra as Farc, Uribe se negou a aceitar condições da guerrilha para esse intercâmbio. Reafirmou sua opinião anteontem ao dizer que não permitirá que a liberação de rebeldes "fortaleça a capacidade criminosa" das Farc. Considerou aceitar esse tipo de negociação apenas mediante compromisso de que os libertados abandonem a luta armada.
A discussão, contudo, já divide os candidatos. Líder nas pesquisas, o ex-ministro da Defesa de Uribe Juan Manuel Santos, do Partido de la U, se disse contrário a acertos com a guerrilha. "Que haja liberação unilateral, mas troca em nenhum caso."
Já a ex-embaixadora Noemí Sanín, do também governista Partido Conservador e segunda colocada nas pesquisas, foi evasiva. Disse apenas confiar no "bom julgamento que sempre demonstrou o presidente [Uribe]" e em que se tomem "decisões acertadas".
Oposicionistas como o ex-prefeito de Bogotá Antanas Mockus, do Partido Verde, se mostraram mais abertos a acordos com as Farc. "Um acordo deveria incluir outro que diga "sem mais acordos'", disse.
Para Álvaro Villarraga, da Fundação Cultura Democrática, o próximo governo terá que se ocupar desse assunto. "Ademais a agenda humanitária é mais ampla e envolve refugiados, novos grupos ilegais rearmados, ataques da guerrilha."

Com agências internacionais



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