São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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Meta de Bush é retomada do diálogo

PATRICK E. TULER
DO "THE NEW YORK TIMES"

Ao convencer Israel a aceitar o acordo para levantar o cerco ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, o presidente dos EUA, George W. Bush, deu um importante passo para reforçar a credibilidade dos norte-americanos com o mundo árabe ao reposicionar a política externa do país no Oriente Médio, segundo afirmam analistas.
Mas a crise volátil que continua radiando para fora da Terra Santa em direção a outros centros árabes está distante de se encerrar.
Bush tem agora um desafio muito mais complicado ao tentar levar os dois lados de volta para a mesa de negociações, onde as expectativas para a pressão norte-americana -e para o progresso no estreitamento das aparentemente intratáveis diferenças- continuam elevadas tanto entre os israelenses como entre os palestinos.
Em uma região onde dois pilares dos interesses norte-americanos são a estratégica proteção das reservas internacionais de petróleo por meio das alianças com países árabes e, separadamente, a parceria estratégica com Israel, a ação de Bush enviou uma mensagem crucial aos Estados moderado da região: a vontade do presidente dos EUA de exercer uma grande pressão no governo do premiê israelense, Ariel Sharon, para reduzir a confrontação que ameaça desestabilizar a região.
"Isso é apenas o começo, não é o evento mais importante", afirmou o especialista em Oriente Médio Anthony H. Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. "Os EUA tiveram de equilibrar sua política, pois, de outro modo, criariam ainda mais desconfiança porque ninguém sabe como negociar com o governo Bush", acrescentou o analista.
A mudança na diplomacia de Bush aconteceu após uma sensata advertência do príncipe Abdullah, herdeiro do trono da Arábia Saudita e governante de fato do país, segundo a qual poderia ocorrer uma profunda ruptura entre os EUA e o mundo árabe e muçulmano caso os norte-americanos não se esforçassem para acabar com as ofensivas israelenses. O presidente norte-americano e o monarca saudita se encontraram no rancho de Bush, no Texas, na semana passada.
Isso fez crescer imediatamente a questão sobre a franqueza com que Bush conseguiu resolver o impasse em Ramallah.
Autoridades sauditas afirmaram que Abdullah deixou o país satisfeito com o fato de que Bush estava tomando uma atitude mais agressiva para colocar um fim à violência e para criar um novo cenário para anunciar o restabelecimento das negociações nos próximos dias.



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