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Novas evidências mudam versão sobre mortes
JUAN FORERO
DO "THE NEW YORK TIMES", EM CARACAS
Mais de duas semanas após a
morte de 17 pessoas durante a
megamanifestação contra o presidente Hugo Chávez, no dia 11 de
abril, em Caracas, surgem novas
evidências que mostram que os
homens que apareciam atirando
em direção à multidão de cima de
uma ponte -acusados de serem
militantes chavistas- estavam
na verdade trocando tiros com
outros homens armados.
As evidências sugerem que
múltiplos atiradores -uniformizados e civis, pró e anti-Chávez-
dispararam durante a manifestação, a maior já realizada nos mais
de três anos de governo de Chávez. A violência levou à derrubada
temporária de Chávez por militares que o acusaram pelas mortes e
retiraram publicamente seu apoio
ao presidente. Chávez retornou
ao cargo dois dias depois, após
manifestações populares de apoio
e a ação de militares leais a ele.
Parece ainda incerto quem realmente atirou na multidão no dia
11. Mas entrevistas com investigadores, policiais e testemunhas sugerem que uma troca de tiros
aconteceu ao longo de três quadras da avenida Baralt, ao sul da
ponte das Carmelitas, que transbordava de manifestantes desarmados. Ao mesmo tempo, atiradores não identificados dispararam de cima de pelo menos três
edifícios, atingindo a maioria de
suas vítimas na cabeça e no tórax.
Apenas três pessoas foram presas sob acusações relacionadas à
violência, apoiadores civis de
Chávez filmados quando disparavam desde a ponte. Investigadores, políticos influentes e alguns
ativistas políticos dizem que as
evidências sugerem que também
houve disparos de soldados da
Guarda Nacional que impediam
os manifestantes de chegar ao palácio presidencial e de policiais.
Os policiais incluem membros
da Polícia Metropolitana, que responde ao prefeito Alfredo Peña,
oposicionista de Chávez, e de departamentos de dois distritos de
classe alta da capital, Baruta e
Chacao, cujos dirigentes também
fazem oposição ao presidente.
Os investigadores dizem que civis com armas, opositores e simpatizantes do presidente também
dispararam. Anteontem, num
discurso por rádio, Chávez disse
que determinou o deslocamento
de tropas e tanques durante a manifestação apenas para controlar a
desordem, porque os policiais estavam "atônitos".
O procurador-geral da Venezuela, Isaías Rodríguez, disse que
o tiroteio pode ter sido parte de
um "bem montado plano para
produzir comoção pública para
servir como argumento ou desculpa para os eventos que aconteceram depois", em referência à
deposição de Chávez.
Oficiais da Polícia Metropolitana negaram com veemência as
alegações, dizendo que eles estavam protegendo os manifestantes
dos atiradores pró-Chávez. "Eles
estão procurando um bode expiatório, transformando o que era
um problema criminal em um problema político", disse Iván Simonovis, chefe da polícia.
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