São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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DNA confirma que filhos de austríaca presa em porão são fruto de incesto

Mãe de vítima, que ignorava abusos do marido, se reúne com filha e netos

DA REDAÇÃO

Exames de DNA confirmaram que Josef Fritzl, 73, é pai dos seis filhos vivos de Elisabeth Fritzl -filha de Josef, que foi mantida por 24 anos em cativeiro no porão. Duzentos moradores da cidadezinha austríaca de Amstetten (130 km de Viena) fizeram ontem vigília em frente à clínica onde está reunida a família Fritzl. Josef está preso e, segundo as autoridades, tem mantido silêncio sobre detalhes do caso, a conselho de seu advogado.
Elisabeth conta que em 1984, quando ela tinha 18 anos, o pai a atraiu até o porão de casa, onde foi dopada e algemada. Desde então, ela era tida como desaparecida e suspeitava-se que tivesse se unido a uma seita. Nos 24 anos de cativeiro, ela deu à luz sete vezes no subsolo, sem atrair a atenção da família ou dos vizinhos.
Uma das crianças, que morreu ainda recém-nascida, teve o corpo incinerado por Josef -a polícia o investiga por omissão de socorro. Três dos filhos de Elisabeth, com idades de 19, 18 e 5 anos, viveram trancados com a mãe desde o nascimento no porão de 60 m2, isolado por uma porta de concreto armado. Eles jamais haviam visto a luz do sol, recebido assistência médica ou ido à escola -sabem ler, mas não muito bem, segundo as autoridades.
Os outros três eram criados pela avó Rosemarie, 69, e o próprio Josef, que os levou, ainda bebês, para a casa da família, alegando à mulher que Elisabeth tinha abandonado as crianças. Adotados pelo casal, eles recebiam visitas de assistentes sociais, que nunca suspeitaram que algo estranho acontecia na família.
Rosemarie diz que não fazia idéia do que acontecia no subsolo. Emocionalmente abalada, ela se reuniu ontem com a filha e cinco netos na clínica. Os psiquiatras que acompanham a família disseram que o encontro foi comovente.
Apenas a primogênita de Elisabeth não esteve presente: Kerstin, 19, está internada em estado crítico e respira com ajuda de aparelhos. Foi a hospitalização da jovem e investigações sobre sua origem e histórico clínico que trouxeram à tona o segredo do porão.
O crime chocou o país, que há menos de dois anos se surpreendia com o caso Natascha Kampusch -mantida por oito anos no porão de um subúrbio da capital. Ontem o ministro da Justiça propôs um endurecimento da lei de proteção a vítimas de abuso sexual.


Com agências internacionais


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