São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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Missionários substituem os turistas

DO ENVIADO ESPECIAL

Sumiram os turistas do Haiti, que já não era um grande destino turístico apesar de ficar no Caribe. Os hotéis ainda têm estrangeiros, mas são em geral pessoal das Nações Unidas e de organizações não-governamentais.
Uma nova leva de estrangeiros veio depois das inundações que mataram centenas no país, como um grande grupo de missionários americanos quase que uniformizados -bermudas, mochilas, chapéus de sol variando do caubói ao de palha ao de tecido mole, garrafa de água mineral na mão. Alguns são de fato uniformizados, com camisetas com citações bíblicas.
Quem reclama mais é quem depende mais do turista. É o caso das galerias de arte armadas nos muros. Os vendedores de telas reclamam que ninguém está comprando. "Espero que quando chegar mais pessoal da ONU eles comprem, por enquanto ninguém está comprando nada", diz Paul Batisse, que também pinta alguns dos seus quadros. Todos são quadros bem primitivistas, desses que se vêem também em feiras de rua no Brasil.
Entre os temas, a vida nas favelas, mulheres transportando água, veleiros e a briga de galo, o "esporte"nacional do Haiti". Preço inicial pedido por um quadro de uns 30 cm por 40 cm: US$ 60. "A gente pode negociar", diz Batisse. Já uma caixinha de madeira pintada sai por apenas US$ 2.

Inflação
A chegada de estrangeiros tende a inflacionar o mercado. Contratar um carro com motorista e tradutor -que, dependendo do tamanho, também serve de segurança-, custa cerca de US$ 100 por dia. Andre Maximilien Baptiste tem uma grande perua com ar condicionado. Quer cobrar US$ 150, só para ele.
Explicação: "Costumo trabalhar com redes americanas de TV". Que, como se sabe, têm bem mais dinheiro que outros profissionais de imprensa. (RBN)


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