São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Terroristas invadem um complexo residencial em Khobar e tomam 50 estrangeiros como reféns

Al Qaeda faz 16 mortos na Arábia Saudita

DA REUTERS

Terroristas aparentemente ligados à rede Al Qaeda mataram pelo menos 16 pessoas -nove sauditas e sete estrangeiros- numa série de ataques ontem na cidade petrolífera de Khobar, na Arábia Saudita, e fizeram cerca de 50 reféns, vários deles ocidentais, em um complexo residencial.
Forças de segurança sauditas cercaram o complexo, mas, aparentemente, evitaram invadi-lo. Tiros foram ouvidos nas imediações. Um policial disse que os terroristas estavam usando os reféns como escudos humanos e que membros das forças de segurança tentavam negociar sua libertação. "As forças de segurança temem entrar no complexo porque eles têm granadas", completou.
De acordo com os sauditas, entre os estrangeiros mortos estão um americano, um britânico, um egípcio, dois filipinos, um indiano e um paquistanês. Dos sauditas, dois eram civis, e sete, membros de forças de segurança. Entre os seqüestrados, há americanos e, principalmente, italianos, além de árabes cristãos.
O príncipe Abdullah, governante "de facto" da Arábia Saudita, prometeu esmagar "o grupo desviado até erradicá-lo". Disse que os terroristas querem atingir a economia saudita, levando estrangeiros que trabalham na indústria petrolífera a abandonar o país. Após o ataque, a embaixada dos Estados Unidos na Arábia Saudita emitiu comunicado pedindo aos cidadãos americanos que deixem o país.
Um comunicado, atribuído à rede Al Qaeda e enviado a sites islâmicos, assumiu a responsabilidade pelos ataques. O grupo busca desestabilizar a monarquia saudita, aliada dos norte-americanos.
O ataque ocorre dois dias depois de o principal dirigente da Al Qaeda na Arábia Saudita, Abdulaziz al Muqrin, ter divulgado planos de guerrilha urbana para derrubar a família real.
Esse foi o terceiro ataque contra estrangeiros em menos de um mês no país e o segundo especificamente voltado contra a indústria do petróleo. A instabilidade no reino, o maior exportador de petróleo do mundo, é apontada como um dos fatores para a recente alta dos preços de óleo.
No começo deste mês, terroristas mataram cinco estrangeiros num ataque ao pólo petroquímico de Yanbu, no mar Vermelho. Um alemão também foi morto neste mês por tiros disparados num distrito de compras de Riad.
No ataque de ontem, militantes abriram fogo contra o edifício Al Khobar Petroleum Center, onde ficam os escritórios de grandes empresas de petróleo ocidentais, antes de invadir os complexos que abrigam as casas dos funcionários. Testemunhas contam que dois veículos com identificações militares entraram no complexo Apicorp onde mataram uma criança egípcia de dez anos.
Ainda segundo testemunhas, os terroristas amarraram o corpo de um britânico morto -um funcionário da empresa de petróleo árabe Apicorp- a um carro e o arrastaram por dois quilômetros antes de atirá-lo perto de uma ponte.
Os terroristas, que vestiam uniformes militares, também invadiram os condomínios Rami e Oásis, onde fizeram os reféns. "Pistoleiros ainda estão à solta. As pessoas estão em suas casas, com as cabeças no chão. Ninguém pode dar números finais de mortos", disse um diplomata ocidental.


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