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SUCESSÃO NOS EUA / RETA FINAL DEMOCRATA
Hillary joga última carta a superdelegados
Ex-primeira-dama escreve a alto escalão do partido pedindo que a escolha candidata porque teria mais chances contra McCain
Argumento é que ela vai melhor em Estados cruciais para eleição em novembro; prévias democratas acabam terça com Obama na frente
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Em nova tentativa de salvar
sua desacreditada pré-candidatura à Presidência dos EUA, a
senadora Hillary Clinton encaminhou nesta semana cartas
aos 797 superdelegados democratas -membros graduados
do partido que podem votar como querem na convenção que
sagrará o candidato, em agosto.
No texto, obtido pelo site especializado Real Clear Politics,
Hillary defende que ela, e não
Barack Obama, deve enfrentar
o republicano John McCain na
eleição de 4 de novembro.
"Estou na frente nos Estados
que foram cruciais para vitória
nas duas últimas eleições", escreveu Hillary, em alusão não
só à sua vitória em prévias em
lugares como Ohio e Pensilvânia, mas a uma pesquisa recente do Gallup que mostra sua
força nesses chamados "swing
states" -Estados sem preferência partidária clara, e, portanto, cruciais para definir o
novo ocupante da Casa Branca.
Segundo a consulta do instituto, na média dos 20 Estados
onde Hillary venceu as prévias
democratas (grande parte deles
"swing states"), a senadora bateria McCain por 50% a 43%,
enquanto Obama estaria tecnicamente empatado com o rival.
Por outro lado, nos 28 Estados onde as prévias foram vencidas por Obama, não há grande diferença de desempenho
entre ele e a rival de partido
-ambos empatam tecnicamente com o republicano.
Assim, com o argumento de
que pode fazer a diferença nos
Estados onde a vitória democrata é considerada mais difícil
(caso de Ohio, Flórida e Pensilvânia, por exemplo), Hillary
tenta seduzir os superdelegados. Com os votos deles, ela teria chance de reverter sua desvantagem em relação a Obama
no quadro de delegados eleitos
até agora nas prévias (1.661 a
1.499) e poderia obter maioria
na convenção, no fim de agosto.
Porém os superdelegados
tendem a ratificar o resultado
da votação popular, ainda que
não sejam obrigados a fazê-lo.
Até agora, dos 595 que declararam voto, 320 apóiam Obama.
Os superdelegados indecisos
estão sendo pressionados pelos
caciques do partido a se posicionarem logo e a encerrar a
briga de Hillary e Obama que,
acreditam, desgasta a imagem
dos democratas. "Vamos exortar o pessoal a tomar uma decisão rapidamente -na próxima
semana", disse em entrevista o
senador Harry Heid. A fase de
prévias termina na terça.
Colégio eleitoral
Obama tem vantagem sobre
Hillary em todos os quesitos:
Estados onde venceu, delegados conquistados, dinheiro levantado e votos populares (se
excluídas as prévias anuladas
de Flórida e Michigan). Hillary,
contudo, diz que ela venceria as
prévias se a mecânica fosse a
mesma da eleição presidencial,
na qual o presidente é de fato
escolhido pelo colégio eleitoral.
No colégio eleitoral, a vitória
em cada Estado dá direito a um
pacote fechado de delegados
para o candidato, mesmo que a
diferença tenha sido de um voto (nas prévias, a distribuição é
proporcional ao resultado). Estados mais populosos, como
Texas e Ohio, onde Hillary venceu, têm mais delegados.
"O argumento de Hillary não
é absurdo, mas é difícil que alguém no partido concorde com
ela, pois a diferença percentual
é pequena e ainda faltam muitos meses para a eleição, para a
qual haverá outra campanha",
diz Alexander Keyssar, analista
da Universidade Harvard.
Hillary ainda aguarda decisão do Partido Democrata,
amanhã, sobre os 313 delegados
de Flórida e Michigan -que
pode ajudá-la, mas não muda o
quadro geral. Os Estados tiveram as prévias anuladas por anteciparem a votação. Sem Obama na cédula em Michigan e
sem ele fazer campanha na Flórida, Hillary venceu em ambos.
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