São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / RETA FINAL DEMOCRATA

Hillary joga última carta a superdelegados

Ex-primeira-dama escreve a alto escalão do partido pedindo que a escolha candidata porque teria mais chances contra McCain

Argumento é que ela vai melhor em Estados cruciais para eleição em novembro; prévias democratas acabam terça com Obama na frente

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Em nova tentativa de salvar sua desacreditada pré-candidatura à Presidência dos EUA, a senadora Hillary Clinton encaminhou nesta semana cartas aos 797 superdelegados democratas -membros graduados do partido que podem votar como querem na convenção que sagrará o candidato, em agosto. No texto, obtido pelo site especializado Real Clear Politics, Hillary defende que ela, e não Barack Obama, deve enfrentar o republicano John McCain na eleição de 4 de novembro.
"Estou na frente nos Estados que foram cruciais para vitória nas duas últimas eleições", escreveu Hillary, em alusão não só à sua vitória em prévias em lugares como Ohio e Pensilvânia, mas a uma pesquisa recente do Gallup que mostra sua força nesses chamados "swing states" -Estados sem preferência partidária clara, e, portanto, cruciais para definir o novo ocupante da Casa Branca.
Segundo a consulta do instituto, na média dos 20 Estados onde Hillary venceu as prévias democratas (grande parte deles "swing states"), a senadora bateria McCain por 50% a 43%, enquanto Obama estaria tecnicamente empatado com o rival.
Por outro lado, nos 28 Estados onde as prévias foram vencidas por Obama, não há grande diferença de desempenho entre ele e a rival de partido -ambos empatam tecnicamente com o republicano.
Assim, com o argumento de que pode fazer a diferença nos Estados onde a vitória democrata é considerada mais difícil (caso de Ohio, Flórida e Pensilvânia, por exemplo), Hillary tenta seduzir os superdelegados. Com os votos deles, ela teria chance de reverter sua desvantagem em relação a Obama no quadro de delegados eleitos até agora nas prévias (1.661 a 1.499) e poderia obter maioria na convenção, no fim de agosto.
Porém os superdelegados tendem a ratificar o resultado da votação popular, ainda que não sejam obrigados a fazê-lo. Até agora, dos 595 que declararam voto, 320 apóiam Obama.
Os superdelegados indecisos estão sendo pressionados pelos caciques do partido a se posicionarem logo e a encerrar a briga de Hillary e Obama que, acreditam, desgasta a imagem dos democratas. "Vamos exortar o pessoal a tomar uma decisão rapidamente -na próxima semana", disse em entrevista o senador Harry Heid. A fase de prévias termina na terça.

Colégio eleitoral
Obama tem vantagem sobre Hillary em todos os quesitos: Estados onde venceu, delegados conquistados, dinheiro levantado e votos populares (se excluídas as prévias anuladas de Flórida e Michigan). Hillary, contudo, diz que ela venceria as prévias se a mecânica fosse a mesma da eleição presidencial, na qual o presidente é de fato escolhido pelo colégio eleitoral.
No colégio eleitoral, a vitória em cada Estado dá direito a um pacote fechado de delegados para o candidato, mesmo que a diferença tenha sido de um voto (nas prévias, a distribuição é proporcional ao resultado). Estados mais populosos, como Texas e Ohio, onde Hillary venceu, têm mais delegados.
"O argumento de Hillary não é absurdo, mas é difícil que alguém no partido concorde com ela, pois a diferença percentual é pequena e ainda faltam muitos meses para a eleição, para a qual haverá outra campanha", diz Alexander Keyssar, analista da Universidade Harvard.
Hillary ainda aguarda decisão do Partido Democrata, amanhã, sobre os 313 delegados de Flórida e Michigan -que pode ajudá-la, mas não muda o quadro geral. Os Estados tiveram as prévias anuladas por anteciparem a votação. Sem Obama na cédula em Michigan e sem ele fazer campanha na Flórida, Hillary venceu em ambos.


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