DO ENVIADO A TEGUCIGALPA

O recém-empossado ministro de Relações Exteriores de Honduras, Enrique Ortez, terá a tarefa mais difícil do novo governo do país: convencer o mundo de que não houve um golpe de Estado. Até ontem, nenhum país havia reconhecido a posse do presidente Roberto Micheletti. Ex-assessor de Defesa do presidente deposto Manuel Zelaya, Ortez, advogado de formação, é um antigo membro do Partido Liberal. Em governos anteriores, foi ministro de Governo e embaixador. Leia, a seguir, a entrevista concedida por ele à Folha minutos antes de assumir: (FM)

FOLHA - Como o sr. tentará convencer o mundo a reconhecer o novo governo?
ENRIQUE ORTEZ - Quando você vai matar uma pessoa, não avisa que vai matá-la. Mata. Então, isso é muito delicado. Não me pergunte qual será a estratégia. Só o que vou dizer é que não vou brigar com ninguém. Existem leis nacionais e leis internacionais. Vamos respeitar todos os tratados internacionais assinados, inclusive a Alba [bloco liderado pelo venezuelano Hugo Chávez].

FOLHA - O governo brasileiro afirma que só reconhece ao presidente Manuel Zelaya. Como o sr. buscará convencer o presidente Lula?
ORTEZ - Eu não ouvi, mas vou pedir explicações oficiais ao embaixador brasileiro para que ele tenha a informação adequada. Além disso, o cangaceiro [sic] e o hondurenho às vezes divergem pela forma de falar.

FOLHA - E com relação aos EUA?
ORTEZ - Continuamos tendo uma magnífica relação com os EUA. Hoje, ouvi Hillary Clinton dizendo desconhecer as violações das sentenças pronunciadas pelos tribunais de Justiça cometidas por Zelaya.
Às vezes, faltam informações aos embaixadores. Mas vamos dar os documentos para que as pessoas possam analisá-los.

FOLHA - Micheletti está preocupado com as ameaças de Chávez?
ORTEZ - De jeito nenhum. Por que nos preocupar se é um homem tão simpático?


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