São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

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Perfil

Deposto é fazendeiro e neochavista

DO ENVIADO A TEGUCIGALPA

Filho de fazendeiro, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, 56, foi eleito em 2005 pelo tradicional Partido Liberal (centro-direita), fundado em 1891 e que se reveza no poder com o Partido Nacional desde a redemocratização, em 1981.
Dono de boa retórica, ele é conhecido pelos longos discursos, pelo inseparável chapéu de fazendeiro e pelo espesso bigode. Para se eleger, usou como plataforma o combate à violência e à corrupção.
Nas duas áreas, houve poucos avanços. Não faltam casos de corrupção envolvendo membros do governo, e a violência aumentou durante seu mandato, fazendo de Honduras um dos países mais violentos do continente.
A grande diferença de Zelaya em relação aos antecessores começou com a aproximação com o venezuelano Hugo Chávez, isso num país sob histórica influência norte-americana.
No início, não houve atritos. A entrada do país na Alba, bloco predominantemente de esquerda liderado pela Venezuela, teve o apoio inicial do Partido Liberal, que aprovou o ingresso no Congresso no ano passado. O realinhamento diplomático rendeu uma generosa ajuda econômica a Honduras, como a doação de tratores e venda de petróleo em condições facilitadas.
Por outro lado, a aproximação com Caracas coincidiu com práticas que lembravam o mandatário venezuelano: Zelaya passou a usar cada vez mais cadeias obrigatórias de rádio e TV em que criticava a elite à qual pertence.
Ele também começou a defender uma nova Assembleia Constituinte, repetindo governos de outros países da Alba, como Venezuela e Bolívia.
O final do seu governo foi marcado por um isolamento dentro das fileiras do Partido Liberal, ao mesmo tempo em que passou a ter apoio das pouco relevantes organizações de esquerda hondurenhas. (FM)


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