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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Militares dizem estar 'fechando o cerco'; em nova fita, voz atribuída ao ex-ditador jura vingar Uday e Qusay

EUA capturam guarda-costas de Saddam

DA REDAÇÃO

Os EUA anunciaram a captura de um dos principais guarda-costas de Saddam Hussein, avançando na caçada ao ex-ditador iraquiano após terem matado seus filhos Uday e Qusay na semana passada. Ontem, uma gravação atribuída ao ex-ditador em que ele lamentaria a morte dos filhos foi apresentada na TV Al Arabyia.
Em entrevista à CNN, Richard Armitage, subsecretário de Estado, afirmou acreditar que as forças dos EUA no Iraque estejam "apenas algumas horas atrás de Saddam Hussein".
A recompensa de US$ 25 milhões oferecida em troca de informações levando ao ex-ditador, segundo os militares, estimulou os iraquianos a colaborar com as tropas, sobretudo após a morte de Uday e Qusay. Com isso, o número de operações de busca promovidas pelos EUA cresceu.
Na nova fita -a quarta desde que Saddam desapareceu, após a tomada da capital iraquiana, Bagdá, em 9 de abril- , uma voz jura vingar Uday e Qusay e expulsar as forças dos EUA. "Eles morreram como mártires em nome do jihad", disse.
Nenhuma das fitas divulgadas até agora pôde ter sua autenticidade comprovada, mas, nos casos anteriores, a inteligência americana disse que "provavelmente se tratasse" do ex-ditador.

Homem forte
Adnan Abdullah Abid al Musslit, descrito como o guarda-costas que acompanhou Saddam "durante toda a vida", foi capturado em sua casa, durante uma extensa operação em Tikrit, a cidade em que Saddam foi criado.
A ofensiva de ontem, que envolveu 58 ataques, terminou com a detenção de 175 suspeitos -entre eles, Daher Ziana, ex-chefe de segurança de Tikrit e Rafa Idham Ibrahim al Hassan, um dos líderes da milícia paramilitar Fedayin.
Os três homens foram submetidos a interrogatório. Também foram apreendidos documentos, nos quais os americanos crêem existir informações sobre o regime deposto e, eventualmente, sobre o paradeiro do ex-ditador.
"A cada um que pegamos, fechamos o cerco", afirmou o coronel Steve Russell, comandante do 22º Regimento da 4ª Divisão de Infantaria. "As fotos e os documentos ligam os pontos."
O comando americano acredita que Al Musslit conheça os lugares em que o ex-ditador poderia estar escondido. Quando se aposentou, Al Musslit era um dos guarda-costas que gozavam de mais confiança do ex-ditador e, segundo Russell, foi convocado para reassumir o posto antes da guerra.

"Zona de guerra"
A região que vai de Tikrit (noroeste) a Bagdá (centro) e Fallujah (oeste) é conhecida como Triângulo Sunita por abrigar a maior parte da minoria muçulmana à qual pertence Saddam.
"Cerca de 80% dos incidentes de segurança ocorrem lá. É justo dizer que a região ainda é uma zona de guerra", disse o general Richard Myers em entrevista coletiva na Embaixada dos EUA em Nova Déli, onde estava para discutir cooperação militar.
Os militares americanos atribuem a resistência a simpatizantes do ex-ditador, enquanto analistas apontam outras facções como participantes dos ataques. "Combatentes estrangeiros talvez estejam vindo para cá", disse Myers, sem dar detalhes.
A administração americana no Iraque, que já acusou o Irã de enviar combatentes, disse que está investigando dois jornalistas iranianos presos por violações das normas de segurança no Iraque, no dia 2 de julho. Teerã exigiu a libertação dos dois, que teriam viajado para fazer um documentário para a rede estatal Irib.
Desde que o presidente George W. Bush declarou o fim dos principais confrontos, em 1º de maio, 50 soldados americanos foram mortos em ações hostis e outros 58 em acidentes. Durante a guerra, esses saldos foram, respectivamente, de 114 e 22 mortes.


Com agências internacionais

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