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IRAQUE SOB TUTELA
Em meio à violência, organizadores atrasam conferência em 15 dias temendo baixo comparecimento
Iraque adia escolha de legisladores interinos
DA REDAÇÃO
Os organizadores da Conferência Nacional iraquiana, marcada
para este fim de semana, adiaram
o evento para o próximo dia 15,
temendo um baixo índice de
comparecimento. No encontro,
do qual devem participar cerca de
mil representantes da sociedade
iraquiana, serão escolhidos os
cem legisladores para a Assembléia Nacional interina, que redigirá a Constituição e supervisionará o governo interino.
Embora os organizadores neguem que a violência no país tenha influenciado a decisão de
adiamento, vários delegados manifestaram temor em relação à segurança, que se deteriorou ainda
mais com a explosão de um carro-bomba que matou 70 pessoas anteontem em Baquba e com o recrudescimento dos seqüestros.
A decisão gerou a preocupação
de que as eleições legislativas planejadas para o início do próximo
ano também sejam atrasadas, colocando em risco o processo de
transição politica no Iraque, que
culminará na eleição de um governo permanente em 2006.
O anúncio do adiamento foi feito após intensas discussões entre
os organizadores da conferência,
o presidente Ghazi Yawer e o representante da ONU no país, Jamal Benomar. De acordo com vários membros do comitê organizador, a ONU ameaçou retirar seu
apoio ao evento caso não ocorresse o adiamento.
Além disso, grupos políticos
proeminentes ameaçaram promover um boicote, enquanto líderes tribais em regiões etnicamente minoritárias não conseguiram chegar a um consenso sobre
quem enviar à conferência.
"A ONU disse que seria necessário mais tempo", disse Sadeq
Moussawi, um dos organizadores. "Eles disseram que a divulgação da conferência era ruim, que
60% dos iraquianos não sabiam o
que estava acontecendo, e argumentaram que grupos demais estavam de fora do processo."
Em visita ao Oriente Médio, o
secretário de Estado americano,
Colin Powell, afirmou acreditar
que o atraso não vá afetar as eleições do próximo ano. "A decisão
tomada nesta manhã foi que seria
mais sábio adiar em duas semanas [a conferência] e fazê-la do
modo correto, ter certeza de que a
representatividade será adequada
e de que a conferência não será
manipulada de nenhuma forma",
disse. "Foi uma decisão esperta."
Seqüestros
Em um novo episódio da onda
de seqüestros que assola o Iraque
desde abril e que ganhou força
nas duas últimas semanas, um
grupo insurgente anunciou ter tomado como reféns quatro jordanianos, exigindo que a transportadora que os emprega interrompesse sua cooperação com as forças americanas que seguem no
Iraque. Como tem sido praxe em
casos assim, um vídeo mostrando
os quatro reféns foi ao ar no canal
Dubai Television.
Os homens exibiram documentos de identificação para a câmera, e os seqüestradores leram um
comunicado afirmando que "tomarão as medidas adequadas" caso a empresa não encerre seu trabalho com os americanos.
Em outro vídeo, exibido pela
TV Al Arabiya, de Dubai, um grupo que mantém três indianos, três
quenianos e um egípcio como reféns desde a semana passada
ameaçou matar um deles dentro
de 24 horas -a contar das 19h de
ontem (hora local)- caso suas
demandas não fossem cumpridas
imediatamente.
O grupo exigira a suspensão das
atividades da empresa kuaitiana
que emprega os sete estrangeiros
e a retirada dos civis de seus países
de origem. O prazo para cumprir
a ameaça já havia sido estendido
duas vezes em 72 horas.
Na gravação, um dos seqüestradores aparece apontando um fuzil para um refém, que usa um
macacão laranja semelhante aos
usados por outros estrangeiros
capturados e que imita o uniforme dos prisioneiros da guerra ao
terror dos EUA.
O seqüestrador afirmou que os
governos de origem dos civis ignoraram sua ameaça e recriminaram Cairo por negociar a libertação de um diplomata egípcio capturado na semana passada, mas
não a do caminhoneiro.
Também ontem, aviões americanos voltaram a bombardear Fallujah, destruindo um prédio. Até
o fechamento desta edição, não
havia informação sobre baixas.
Desde junho, os EUA vêm promovendo ataques aéreos contra a
cidade, onde acreditam estar escondido o terrorista jordaniano
Abu Musab Zarqawi, suspeito de
comandar da maior parte dos
atentados do pós-guerra.
O governo iraquiano disse que a
polícia prendeu, nas últimas semanas, 270 terroristas, a maioria
vinda de países vizinhos.
Uma corte marcial considerou
culpado de roubo a mão armada
um soldado americano que tomou o carro de um xeque sob a
mira de um revólver. O sargento
James Williams, 37, pode ser condenado a 15 anos de prisão.
Com agências internacionais
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