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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Game tenta resolver conflito no Oriente Médio pela paz
"O Pacificador", criado por dois estudantes nos EUA, tem como "personagens" o premiê de Israel e o presidente da ANP
Por suas ações, jogadores podem ser classificados de "criminoso de guerra" a "ministro medíocre" ou
até "Prêmio Nobel da Paz"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Asi Burak sabe como resolver
o conflito no Oriente Médio
-não este conflito, mas "o"
conflito, inteiro, para sempre. A
começar pela questão principal, israelenses e palestinos
querendo o mesmo pedaço de
terra. Na semana passada, ele
começou a remover os assentamentos restantes de colonos
judeus em Gaza. Achou que o
gesto de boa vontade em relação ao Hamas poderia ajudar
indiretamente o entendimento
no norte, contra o Hizbollah.
Estava tudo indo bem. Até
que houve um atentado em Tel
Aviv. Um homem-bomba se explodiu, matando com ele dezenas de civis que jantavam num
café. Asi Burak teve de interromper seu gesto de boa vontade. Em vez disso, num piscar de
olhos, moveu centenas de soldados para a fronteira, e houve
troca de tiros. Até que ele teve
de dormir. Apertou a tecla
"off", e tudo ficou em paz.
O cenário acima é inventado.
Tudo faz parte de "The Peacemaker" ("O Pacificador"), um
videogame criado por Burak,
34, americano de origem israelense que já foi oficial de inteligência em Tel Aviv, e seu colega
Eric Brown, 29, ambos recém-formados na universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh.
No game educativo, como explicou Burak em troca de e-mails com a Folha nos últimos
dias, dois jogadores assumem o
papel respectivamente de premiê de Israel e presidente da
Autoridade Nacional Palestina.
A missão é simples: conseguir a
paz. Para tanto, cada jogador
poderá ter 17 tipos diferentes
de ações, divididas nas categorias "segurança", "política" e
"estratégia", de iguais pesos,
contando para isso com oito
personagens diferentes.
Elas incluem falar com autoridades estrangeiras, pedir auxílio aos EUA, calcular a repercussão de cada "evento negativo" (como um homem-bomba
ou um ataque de militares a civis). Já ouviu isso em algum lugar? Burak também. Foi do
eterno conflito da região que
ele tirou a inspiração, auxiliado
pela professora de história
Laurie Eisenberg, consultora
de conteúdo.
Há pontuação e níveis. O
equilíbrio é zero, "ministro
medíocre", o máximo é 100,
"Prêmio Nobel da Paz", e o mínimo, -100, "criminoso de
guerra". Ações militares não
necessariamente custam pontos obtidos, a não ser que elas
façam o jogador regredir em
seu plano de ação rumo à paz.
Como pano de fundo, fotos e
cenas reais da região se sobrepõem a um mapa atualizado
diariamente de Israel e seus vizinhos.
Várias versões experimentais estão espalhadas pelos
EUA com amigos dos criadores, estudiosos de jogos, judeus
e árabes. Já fazem parte do currículo dos cursos "Relações
Árabe-Americanas", ensinado
simultaneamente na Carnegie
e no Qatar, "A Condição Árabe-Israelense", só da Carnegie, e
"Sendo um Pacificador", da Escola de Ensino Médio Cyber,
na Pensilvânia. Em poucas semanas, uma versão aberta a todo o mundo será colocada no
site www.peacemakergame.
com para download.
Como nada é de graça, nem a
paz, o download de "O Pacificador" será cobrado. O preço ainda não foi definido pelos dois
amigos, mas uma versão gratuita será distribuída a entidades.
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