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Corte pede dados sobre atividades das Farc no Brasil
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
As suspeitas sobre o alcance
das conexões internacionais da
guerrilha colombiana vão muito além da Venezuela.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) está analisando indícios de que uma rede de apoio e
financiamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) atuaria em diversos países, entre eles o Brasil.
A informação foi confirmada
à Folha pelo promotor-chefe
do TPI, o argentino Luis Moreno-Ocampo, em recente passagem pela Suíça. Seu escritório
enviou uma carta às autoridades brasileiras para saber se foi
aberta investigação sobre as
atividades da guerrilha no país.
Segundo o promotor, os indícios sobre as ações no Brasil
aparecem em mensagens encontradas num dos computadores de Raúl Reyes, o número
dois das Farc que foi morto
num ataque do Exército colombiano a seu acampamento
no Equador, no ano passado.
"Estamos avaliando o que está sendo feito na Colômbia e
descobrimos que há conexões
das Farc em outros países, inclusive no Brasil", disse o promotor, na cidade de Basileia.
No ano passado, o governo
brasileiro negou qualquer envolvimento com as Farc depois
que e-mails obtidos do computador de Raúl Reyes revelaram
esforços da guerrilha em abrir
um diálogo com PT e Planalto.
Moreno-Ocampo também
confirmou que há suspeita de
atividades de apoio às Farc em
outros países, entre eles a Suíça, onde as Farc estariam usando os bancos locais para fazer
lavagem de dinheiro oriundo
de atividades criminosas.
O pedido de informação do
TPI sobre as operações internacionais das Farc foi enviado
a dez países, além de Brasil e
Suíça: Colômbia, Venezuela,
Equador, México, Costa Rica,
Peru, Panamá, Nicarágua, Espanha e Dinamarca.
O embaixador do Brasil em
Haia (Holanda), onde fica a sede do TPI, José Artur Denot
Medeiros, confirmou que recebeu a comunicação no segundo
semestre de 2008. Mas disse
que ele não continha solicitação sobre dados específicos.
A Promotoria do TPI esclareceu que está no estágio de
"análise". "Ainda não há uma
decisão. O escritório está analisando se há base razoável para
crer que foram cometidos crimes sob sua jurisdição", explicou Cornelia Schneider, assessora de Moreno-Ocampo.
Pelo Estatuto de Roma, que
rege o TPI, o promotor pode
pedir informações quando há
suspeita de que foram cometidos os delitos que estão sob sua
jurisdição: genocídio, crimes
contra a humanidade, crimes
de guerra e crime de agressão.
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