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Cristina decide limitar seus "superpoderes"
Projeto que restringe manejo discricionário do Orçamento por governo argentino é novo aceno à oposição
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
A presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, anunciou
ontem o envio de projeto de lei
ao Congresso para limitar o poder do Executivo para remanejar o Orçamento.
Os chamados "superpoderes" do Executivo já estavam na
mira da oposição, que decidira
promover a derrubada da norma no Congresso. Com o envio
do projeto, o governo se antecipa aos opositores e reforça a
frente de diálogo que busca
abrir desde a derrota nas eleições legislativas de junho.
Aprovada em 2006, a norma
a ser alterada autoriza o chefe
do gabinete ministerial a remanejar o Orçamento sem autorização do Congresso. O projeto
limita esse poder a 5% do Orçamento, como é hoje na cidade
de Buenos Aires, governada pelo opositor Maurício Macri.
"Há que se encerrar esse debate, que é artificial e esvazia os
verdadeiros debates que devem
se dar", afirmou ontem Cristina, que chamou de "mito" a
classificação da norma como
"superpoder" do Executivo.
Rede estatal de TV
O governo da Argentina criou
ainda nesta semana uma rede
estatal de TV por satélite, que
prevê emissão de conteúdo
próprio para todo o território
-hoje, os dois canais estatais
existentes não chegam a toda a
população.
A justificativa oficial do decreto é promover "livre acesso
à informação pela população
em situação de vulnerabilidade
social".
O decreto abre ainda possibilidade de veiculação, na Argentina, do sinal da Telesur, canal
controlado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado de Cristina.
Em março, o governo lançou
projeto que altera a regulação
dos serviços audiovisuais,
anunciado como tentativa de
democratizar o setor. Por abrir
o mercado de TV a cabo para
empresas de serviços públicos,
a iniciativa atingiu interesses
do maior grupo de mídia do
país, o Clarín, dono de 50% do
mercado de TV paga.
Após consultas públicas, o
projeto está na Presidência para análise. Segundo o Comfer, a
versão final será enviada ao
Congresso até dezembro,
quando assumem legisladores
eleitos em junho e o governo
perderá maioria na Câmara e
no Senado.
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