São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2010

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Uribe "deplora" fala de Lula sobre conflito na região

Presidente da Colômbia afirma que colega brasileiro ignora a ameaça que representam as Farc na Venezuela

Palácio do Planalto diz que líder brasileiro não responderá; avaliação interna é de que fala de Uribe foi descabida


FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
DE BRASÍLIA

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, lançou nota na qual "deplora" as declarações do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de que as acusações de Bogotá contra Caracas se devem apenas a suas diferenças "pessoais" com Hugo Chávez.
A nota da Presidência colombiana afirma que Lula "ignora a ameaça que a presença de terroristas das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] na Venezuela representa para a Colômbia e para o continente".
As críticas foram repetidas pelo chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, ao chegar ontem à tarde na chancelaria equatoriana, onde acontece a reunião extraordinária da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) sobre a crise Venezuela-Colômbia.
Bermúdez disse não ter "maiores expectativas" sobre o encontro, que não havia sido concluído até o fechamento desta edição.
Uribe reagia às declarações de Lula, que, na quarta-feira, afirmou que via apenas "conflito verbal" entre Bogotá e Caracas.
O presidente Lula decidiu não responder às criticas de Uribe. "Lula tomou conhecimento das declarações e não considera apropriado que se responda", disse o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.
Segundo assessor próximo a Lula, desde que se iniciou a crise, o presidente brasileiro deixou claro aos seus auxiliares sua intenção de não polemizar e não colocar mais lenha na fogueira. Internamente, as declarações de Uribe foram consideradas exageradas e descabidas.
Apesar da reação de Uribe, a estratégia de Lula será de "colocar panos quentes".
Lula mantém a previsão de se reunir com Hugo Chávez no dia 6, em Isla Margarita (Venezuela), e na mesma noite com Uribe, em Bogotá.

EMPURRA-EMPURRA
Na reunião da Unasul, a portas fechadas, o representante colombiano voltou a insistir na criação de um "mecanismo ágil e eficaz" para corroborar ou não as denúncias de Bogotá de que a Venezuela abriga líderes guerrilheiros.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, chegou a Quito insistindo numa proposta de paz para a Colômbia, já rejeitada pelo governo Uribe. Na entrada, o clima de tensão entre os países se refletiu na relação entre a imprensa colombiana e o ministro venezuelano.
Houve um começo de empurra-empurra entre jornalistas e seguranças de Maduro, logo controlado.


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