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IRAQUE SOB TUTELA
Em meio a protestos, facções trocam acusações sobre ataques; número de jornalistas mortos supera o do Vietnã
Aumentam tensões entre xiitas e sunitas
DA REDAÇÃO
Sunitas e xiitas trocaram acusações ontem a respeito da violência
sectária no Iraque, num cenário
em que protestos contra a nova
Constituição continuam a eclodir.
Na véspera, o governo dominado
por xiitas e curdos aprovou uma
contestada versão preliminar da
Carta e anunciou que a levará a
consulta popular em outubro, ignorando críticas sunitas e eliminando a necessidade de aprovação pela Assembléia Nacional.
Em Tikrit, cidade dominada pelos sunitas e onde cresceu Saddam Hussein, cerca de 2.000 pessoas promoveram um protesto
pacífico contra a Constituição.
Líderes xiitas e curdos alegam
que cederam em todos os pontos
possíveis, mas o negociador sunita Saleh al Mutlaq chamou o texto
de "ilegal" e pediu que o Parlamento fosse dissolvido porque os
legisladores perderam o prazo para votar a Carta, no último dia 22.
Os principais atritos giram em
torno dos obstáculos criados para
o partido Baath (sunita) e o federalismo -xiitas e curdos querem
autonomia nas regiões que dominam, o sul e o norte, mas, como
essas áreas concentram o petróleo, os sunitas temem perder acesso à maior riqueza do país.
Nos EUA, o presidente George
W. Bush se disse "muito otimista"
com o futuro do Iraque. "Nem todos estão de acordo [com a Constituição], mas ao menos agora o
povo iraquiano pode decidir", declarou. A Carta precisa ser aprovada por 16 das 18 Províncias no
referendo de 15 de outubro. Os
sunitas dominam três delas.
O processo constitucional tem
alimentado as tensões sectárias. O
Partido Islâmico do Iraque, maior
entidade sunita do país, acusou
forças xiitas de matarem 36 sunitas e abandonarem seus corpos
perto da fronteira com o Irã. Por
sua vez, o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque
acusou pistoleiros sunitas de matarem sete agricultores xiitas na
aldeia de Sayafiyah, no centro.
Sem dar detalhes, a polícia
anunciou ter achado 13 corpos
em três cidades do oeste do país.
Jornalistas mortos
A organização Repórteres Sem
Fronteiras, com sede na França,
anunciou domingo que 66 jornalistas foram mortos no Iraque em
29 meses de guerra. O número supera o de jornalistas mortos em 20
anos de conflito no Vietnã, onde
63 profissionais perderam a vida.
Ontem, a Federação Internacional de Jornalistas exortou a ONU
a investigar as 18 mortes causadas
pelas forças americanas.
Com agências internacionais
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